Livro - Mediação e comunicação na EaD
3 Mediação e Comunicação
3.1 Linguagem Dialógica
Seguimos o estudo focando na Linguagem Dialógica. Primeiramente é fundamental analisarmos as palavras formadoras do conceito, para assim entendermos sua lógica e influência no processo educativo.
O termo Linguagem está amparado e interligado ao processo comunicativo. Pode ser considerado como a capacidade humana de manifestar expressões de sentimentos, desejos, opiniões e troca de informações em diferentes culturas. É a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos.
Já a palavra Dialógica carrega em sua essência o significado de dialogismo, que consiste em construir uma reflexão sob a forma de diálogo. Essa possibilidade de dialogicidade se aplica na educação e permite efetividade nos processos educativos. O Dicionário Formal define o Texto Dialógico como aquele que "deve ser lido como início de um debate, despertando interesse pelo assunto e levando a uma tomada de posição do leitor, discordando ou concordado, dando uma resposta ao autor do texto".
Alguns autores da área de comunicação e da educação alçam estudos sobre esses conceitos.
O primeiro deles é Paulo Freire. Freire trabalha com os termos Educação Libertadora ou Educação Dialógica e fundamenta a construção de interesses que interferem na educação. Ele sustenta que a experiência dialógica é fundamental para a construção da curiosidade epistemológica. A postura crítica do diálogo demostra a preocupação em apreender a razão de ser, do objeto que medeia os sujeitos dialógicos (FREIRE, 1995, p.81).
Para esse autor, a dialogicidade é fundamental no processo educativo, já que permite o diálogo entre o tripé Educador, Educando e Objetos do Conhecimento. Ele acrescenta ainda que “a prática educativa não pode ficar reduzida à pura técnica nem à transferência de conhecimentos, mas o ato do ensinar precisa levar em conta o inacabamento do ser ou sua inconclusão” (FREIRE, 1995, p.81). Nesse contexto, é necessário que educador e educandos se abram para a realidade dos sujeitos que buscam o crescimento e a conquista de novos conhecimentos.
Outra base de entendimento do termo é o estudo da Dialogicidade ou Linguagem Dialógica de Mikhail Bakhtin, um filósofo russo pesquisador da comunicação humana. Para Bakhtin (1999), a aquisição do conhecimento é constituída na interação; a linguagem media a ação do sujeito sobre o objeto, desempenhando a função mediadora.
Em continuidade aos estudos de Bakhtin, outros autores complementam sua filosofia e colocam que na comunicação dialógica as informações são vistas como enunciados e, para sua compreensão, é importante levar em consideração as características do destinatário da comunicação. Conforme citam Piva, Freitas e Miskulin (2009):
É através da interação com o outro e seus enunciados individuais que ocorre a assimilação da expressividade conferida às palavras e enunciados. Todo enunciado tem um autor. Ele é elaborado visando uma compreensão responsiva ativa do destinatário. Para facilitar a compreensão responsiva de um enunciado, alguns fatores como o grau de informação do destinatário e o seu conhecimento especializado na área, devem ser considerados. Isso se deve a que são esses fatores os determinantes na escolha do gênero e do estilo do enunciado. (PIVA, FREITAS e MISKULIN, 2009, p.5).
Em nosso curso, o foco do estudo está na comunicação dialógica dentro da EaD. Dessa forma, é necessário que você conheça em que pontos a dialogicidade se aplica dentro da modalidade. Esse é o assunto de estudo do próximo tópico. Confira!