Livro 2 - Alfabetização e letramento de crianças surdas (Livro Digital)

1.5.4 Segmentação da fala e da escrita

O último aspecto linguístico apontado por Massini-Cagliari (2001) trata da segmentação da fala no processo de alfabetização. Essa questão impacta sobremaneira as crianças ouvintes porque a fala é um continuum, ou seja, não separamos as palavras umas das outras ao falar.

No entanto, a representação gráfica da linguagem vai colocar espaços entre uma palavra e outra, exatamente como você está vendo nesse texto que lê nesse exato momento. Essa característica será um desafio para crianças ouvintes, por isso é muito comum, no início da alfabetização, encontrar palavras conectadas como “conlicença” “tenque”.

 

Nesse processo, as crianças buscarão estratégias na própria língua e em seu uso para conseguir realizar a segmentação das palavras esperada na escrita. Por outro lado, as crianças surdas, como não se baseiam na oralidade para lidar com os aspectos da escrita, já terão contato com a segmentação das palavras na língua escrita.

Até aqui você deve ter percebido que há pontos comuns e pontos divergentes nos processos de alfabetização de crianças surdas e de crianças ouvintes. Isso porque surdos partem da experiência visual, enquanto os ouvintes partem da oralidade. A partir dessas constatações, portanto, é imprescindível que pensemos em metodologias adequadas para a realidade visual dos surdos, começando com a importância da língua de sinais nesse processo.