Módulo 2: Literatura, linguagem e visualidade na educação de surdos (Livro Digital)

3.5 O fazer narrativo e o espectador

A literatura infantil acessa um mundo imaginário, onde o leitor dá vida às histórias em sua mente. À medida que recebe as informações, a criança pode transformá-la em relações de significado e pode ampliar sua enciclopédia mental.

Morgado (2011) defende que transmitir a literatura à criança é dar-lhe a possibilidade de ascender ao mundo exterior, ao conhecimento e expandir seus horizontes no contexto cognitivo, linguístico e cultural. Dessa forma, justifica-se transmitir a literatura o máximo possível para que se possa desenvolver o máximo possível do potencial infantil.

Ao trabalharmos a contação de histórias, encorajamos as crianças a mergulharem em um mundo de experiências e habilidades imagéticas. Assim, conseguimos perceber seus olhos brilharem e sua imaginação “ganhar asas”.

Fonte: Imagem cedida pela professora Michelle Luisa Teixeira

Podemos dialogar com as contribuições de Vigotski em sua obra “A formação social da mente” (Vigotski, 2007). Ao defender a valorização do brincar na infância, o estudioso afirma que “a ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu comportamento não somente pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato, mas também pelo significado dessa situação” (p.110).

A percepção visual é o canal de conexão entre o mundo e o significado. Experiências cotidianas atraem a atenção da criança, que está atenta a tudo. Curiosa, questionadora, faz dos olhos ferramenta de observação e da língua ferramenta de constatação, à medida que as trocas linguísticas a levam à compreensão.

Na prática

O projeto de extensão "Era uma vez em Libras" promoveu a disseminação da Libras - Língua Brasileira de Sinais - e da cultura surda através da contação de histórias realizadas em Libras e em Língua Portuguesa, para crianças surdas e ouvintes, utilizando-se de elementos visuais, criativos e interativos, através dos quais as histórias foram sendo compostas enquanto eram contadas.

Foi desenvolvido no período de setembro a novembro de 2022 por sete acadêmicas do curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue (Libras-Português), do IFSC Câmpus Palhoça Bilíngue, orientadas pela professora Ana Paula Jung.

As contações de história aconteceram em escolas dos municípios de Palhoça e de Santo Amaro da Imperatriz (SC), na biblioteca do Estado de Santa Catarina, em Shoppings Centers da região metropolitana de Florianópolis (SC), assim como também em eventos no Câmpus Palhoça Bilíngue do IFSC.

As acadêmicas participantes, além da possibilidade de troca e aprendizado, puderam aprofundar estudos e reflexões sobre o fazer docente e sobre a contação de histórias, colaborando para a divulgação da cultura surda, da Libras e do curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue (Libras-Português) junto à comunidade externa.