AULAS 3 e 5 EAD DIAS 16 e 23/8: Livro Didático 1 - Empreendedorismo: conceitos fundamentais

Diariamente em cada cidade, país e continente do planeta, milhões de negócios são abertos por empreendedores. São empreendimentos das mais infinitas formas e tamanhos, tendo em vista atender as necessidades de consumo de milhares de pessoas. A diversidade de negócios possíveis para um pré-empreendedor explorar é incalculável, assim como os fatores e elementos que antecedem a constituição de um empreendimento. Mas um fator existe na constituição de todos os empreendimentos e sem ele o próprio empreendedor não existiria. Veremos nos próximos tópicos esse fator tão importante para constituição de um negócio, a motivação para empreender.

As principais motivações para empreender

A motivação está presente no início de todos os empreendimentos, embora possa ser diferente e particular como os próprios objetivos de cada empreendedor. A motivação nasce dentro de cada pessoa impulsionada por vários incentivos diferentes.

As motivações estimulam a pessoa para uma atividade, agem como forças que despertam ações, afetando os pensamentos, emoções e comportamentos das pessoas.

  • Desejo de não ter patrão. A ideia de não ter patrão pode indicar uma disposição de desenvolver uma própria visão de como empreender e administrar uma empresa.
  • A falta de emprego pode obrigar um indivíduo a recorrer a um negócio próprio como alternativa de sobrevivência. Nesses casos também nascem muitos negócios informais.
  • Por vocação, considera-se que aqueles que demonstram alguma vocação para exercer algum tipo de trabalho têm muitas chances de sucesso.
  • Desejo fazer algo por si mesmo. Esse é o espírito empreendedor colocado na prática. Mas é preciso se preparar para dar certo porque não há milagres e o mercado é cada dia mais competitivo.

Segundo Degen (1989, p.14) um dos principais autores nessa área, os motivos que levam uma pessoa a ter seu negócio próprio são:

  • Vontade de ganhar muito dinheiro, mais do que seria possível na condição de empregado;
  • Desejo de sair da rotina e levar suas próprias ideias a diante;
  • Vontade de ser o próprio patrão e não ter de dar satisfações a ninguém sobre seus atos;
  • Objetivando provar a si e aos outros de que é capaz de realizar um empreendimento;
  • Desejo de desenvolver algo que o realize e traga benefícios, não só para si, mas para a sociedade.

Os principais autores, pesquisadores e órgãos que desenvolvem estudos e trabalhos na área de empreendedorismo, fizeram suas listas próprias das motivações para empreender, sendo assim, essas listas não são idênticas. Contudo algumas motivações que considero as principais aparecem em praticamente todas as listas. Por exemplo, realização pessoal apenas sofre variação no nome, sendo escrita por alguns autores como autorrealização.

Gerar o próprio emprego

São inúmeras as razões de demissões sem ou por justa causa, que atingem os empregados de todas as áreas, idades, níveis educacionais e sociais. Os motivos que levam os patrões a demitir são muitos, desde fatores econômicos, passando pela evolução da robótica, pelas privatizações, terceirizações, e, de um modo geral, pelos avanços tecnológicos que buscam e conseguem substituir o homem em funções que antes eram de seu exclusivo desempenho.

“O emprego não mora aqui. Onde é a sua nova morada? Esse será o dilema do século XXI, quando o indivíduo perceber que o seu melhor desempenho como empregado não será suficiente para a manutenção de seu posto de trabalho” (SOUZA, 2001, p. 96).

Atualmente, cresce a falta de empregos promissores e seguros, por isso já estamos vivendo na era do autoemprego onde a tendência é que de maneira cada vez maior as pessoas tenham que gerar suas próprias oportunidades de trabalho, ou seja, empreender.

A necessidade de gerar o próprio emprego mais rápido possível, buscando o próprio sustento, pode levar o pré-empreendedor a cometer muitos erros que aumentam os riscos de empreender. A urgência em abrir um negócio para ganhar dinheiro logo no primeiro mês, pode levar o desempregado a pegar a primeira ideia, ou montar o primeiro negócio que apareça na sua frente, sem se preocupar por exemplo, em fazer uma análise ou um plano de negócios que normalmente leva alguns meses para ser elaborado e testado.

As pressões psicológicas provocadas pelo desemprego expõem o homem ao medo de passar por necessidades. É normal que, quem está sem alternativas “agarra-se ao primeiro pedaço de madeira que passa no meio do oceano”, ou seja, age impulsivamente em busca de ganhar dinheiro para o seu sustento. Empreender é um ato arriscado por natureza e feito de forma impulsiva torna-se “andar em uma corda bamba em um precipício.”

Ganhar muito dinheiro

Começar com uma grande ideia e pouco dinheiro e se tornar um empreendedor de sucesso. Ganhar muito dinheiro tendo vários empreendimentos bem sucedidos. Você acha isso impossível?

Pois, saiba que essa é a historia de vida de muitos empreendedores. Mas como já diz o ditado popular, “Só no dicionário que Riqueza e Sucesso vêm antes do Trabalho”. Meses e até anos de preparação, capacitação e muito trabalho é a realidade de vida dos empreendedores bem sucedidos.

Existem dois grupos de empreendedores, que pensam diferente com relação o que seja a riqueza. Para alguns a riqueza é aquele padrão colocado pela sociedade, ou seja, pelos padrões dos ricos e famosos da TV e das revistas. Para outros a riqueza não está ligada só a quantidade de dinheiro. Estas pessoas, na maior parte tem uma compreensão mais clara dos valores sociais, criando os seus próprios padrões de realização pessoal e riqueza. As noções de riqueza e sucesso são muito particulares, o que pode ser riqueza e sucesso para seu pai, pode não ter o mesmo valor para você. Então é você quem tem que decidir o tanto de riqueza, sucesso e realização pessoal, que vai lhe fazer feliz.

Segundo Dolabela (1999, p.390), entre os jovens empreendedores o conceito de riqueza vem mudando, eles estão colocando em segundo plano ou talvez como consequência, os critérios externos de sucesso, como status ou altos lucros, valorizando então muito mais os critérios internos, como a autorrealização, que para os jovens empreendedores está fortemente associada ao sucesso.

Essa é para você pensar! 
“Homem pobre não é aquele sem um centavo, mas aquele sem sonhos” Harry Kemp (1883-1960) Poeta norte americano.
Os empreendedores motivados por enriquecer rapidamente criam expectativas exageradas sobre os lucros do empreendimento, muitas vezes fogem da realidade e correm o risco de perder o foco do que é realmente necessário para o seu negócio, às vezes cometem o erro de pegar o dinheiro dos lucros para mostrar um padrão de vida superior ao que tinham antes de ser empresário, deixando de fazer os investimentos necessários para manter o negócio saudável. Provavelmente você já deve ter escutado esse comentário sobre alguém: “fulano abriu um negócio, começou a ganhar dinheiro, logo comprou um carrão, vivia gastando nas festas e quebrou que apartou”, porém o ditado popular apresenta a solução: “é devagar que se chega ao longe”. Começar pequeno é a realidade da maioria dos empreendimentos, sendo também pequenos os lucros e os pró-labores (salário que o dono da empresa se paga). Podem e devem ser grandes, os sonhos, os objetivos reais e a certeza de que somente com o estudo, capacitação e muito trabalho é possível ser “rico” de verdade.

“Ficar rico não é o objetivo dos empreendedores. Eles acreditam que o dinheiro é conseqüência do sucesso dos negócios.” (DORNELAS, 2001, p. 32)

Ser o próprio patrão

Vontade de trabalhar com o que quer, se sentir livre, provar que é capaz de ser empresário; são sentimentos que fazem parte da motivação para ser o próprio patrão.

Existem pessoas que até gostam do trabalho que fazem e da condição de empregado. Mas não aguentam mais o patrão, ou porque foram humilhadas, exploradas, não tinham seu trabalho reconhecido ou muitos outros motivos. Abrir um negócio tendo como motivação pensamentos e sentimentos negativos como a raiva, por exemplo, geralmente levam a pessoa a cometer erros na hora de escolher e montar um empreendimento, o fracasso então é coisa quase certa. O pior nestes casos é que o fracasso revive as situações de impotência de quando a pessoa era empregada, trazendo a sensação de medo e incerteza de empreender de novo.

O empregado que deseja abrir um negócio para ser o próprio patrão, deve olhar para sua história profissional. Porque empregados com experiência no tipo de negócios em que pretendem abrir, normalmente já viveram as situações do dia a dia que são importantes para aquele tipo de negócio. Assim diminuem a possibilidade de quando for o patrão, não saber ou não gostar de trabalhar no seu empreendimento.

“Temos inúmeros exemplos de empregados que se desligaram de suas empresas para montar seu próprio negócio e concorrer com êxito contra seu antigo empregador.” (DEGEN, 1989, p. 26)

Antes de empreender é necessário a pessoa analisar as possíveis situações que passará a viver quando for o próprio patrão. Falta do salário certo no dia certo; as férias, folgas, feriados e fins de semana muitas vezes são deixados para depois; passar a pagar o décimo terceiro salário ao invés de recebê-lo. Essas são algumas das situações que o ex-empregado e atual empreendedor têm que ter coragem para enfrentar sem se arrepender da sua escolha.

Você já se imaginou tendo que liderar contratar ou demitir empregados? Tendo que decidir o que eles vão fazer, quando vão fazer, como vão fazer e onde vão fazer suas tarefas diárias. Saiba que essas são algumas das muitas funções dos empreendedores.

No seu negócio o empreendedor é o patrão e na maioria das vezes, também tem que ser o administrador, o gerente e o vendedor dos seus produtos ou serviços. Por isso sempre é bom fazer cursos e buscar aprender sempre mais nessas áreas.

A cultura do emprego seguro (de preferência num órgão público) de uma futura aposentadoria certa e tranquila é muito forte na sociedade. A família, parentes, amigos e vizinhos, normalmente não acham que ser empreendedor, é uma opção de carreira, mas sim uma falta de opção. Eles não conseguem entender como uma pessoa bem preparada com chance de conquistar bons empregos, prefere seguir a carreira de empreendedor. Esses fatores forçam o empreendedor a ter que provar (mesmo que não seja a sua intenção) que é capaz de não apenas abrir um negócio, mas também que aguentará as provações da vida de patrão.

Apesar de todos os riscos e responsabilidades de quem quer ser o próprio patrão, a atividade empreendedora tem muitos fatores positivos que superam os negativos, entre eles podemos citar:
  • Realização pessoal;
  • Liberdade para desenvolver novas ideias;
  • Realização dos seus sonhos;
  • Poder usar sua criatividade sem restrições;
  • Levar em conta seus interesses particulares;
  • Utilizar seus talentos;
  • Enfim, fazer do seu empreendimento o seu projeto de vida.

Realização pessoal
O economista austríaco Joseph Schumpeter e sua legião de seguidores acreditam que o empreendedor seja o “motor da economia”, pois é ele o responsável por mover todas as inovações criativas de produtos ou serviços existentes no mundo. Seguindo a mesma linha de raciocínio, percebe-se que a Realização Pessoal é o “motor do empreendedor”, pois representa a força que move o empreendedor dando motivação para ele ser inovador, criador, determinado, persistente, comprometido, ou seja, a realização pessoal fornece energia ao espírito empreendedor, formando verdadeiramente o conjunto dos elementos necessários para que um empreendimento tenha sucesso.
Como você já viu no começo desta unidade de estudo, o empreendedor é o alvo de muitas pesquisas. As pesquisas feitas sobre autorrealização ou realização pessoal (que são a mesma coisa), indicam que o empreendedorismo oferece graus elevados de realização pessoal. O motivo apontado é que o negócio pode ser o reflexo da alma do empreendedor, com todas as suas características e preferências pessoais. A atividade empreendedora faz com que o trabalho e o prazer andem juntos. Isso mesmo, os empreendedores trabalham por prazer, você pode imaginar uma coisa dessas? A maior parte dos trabalhadores tem depressão na segunda-feira e adora os feriadões para fugir do trabalho. Por outro lado é muito comum encontrar empreendedores realizados que se consideram sortudos por fazerem o que gostam e sentem prazer em trabalhar até nos finais de semana.
“Cada um de nós se realiza e se satisfaz de forma diferente. Por isso, cada um tem que fazer sua escolha na procura de um negócio, pelo qual sinta atração pessoal. Sem essa atração e entusiasmo, o empreendimento não terá sucesso”. (DEGEN 1989, p.48)
A escolha do tipo de negócio que se quer iniciar deve estar baseada nas preferências, experiências e expectativas do empreendedor. Pois toda pessoa geralmente tem alguma aptidão ou talento e quando faz alguma atividade porque gosta, certamente o fará bem feito. O conceito chave é: se uma pessoa faz algo que lhe realiza, consequentemente trabalhará mais intensamente, mais horas, conservando a motivação e satisfação pelo trabalho.Para o pré-empreendedor conseguir alcançar seus objetivos, é aconselhável que ele desenvolva uma autoanálise séria sobre sua personalidade. Conhecer as próprias características e avaliar suas virtudes e limitações; fornece ao futuro empreendedor, um conjunto de informações que são muito valiosas para que ele possa evitar os empreendimentos que explorem os seus pontos fracos que não possam ser melhorados, dando preferência a outros que privilegiem os seus pontos fortes e as suas características de personalidade.A lucratividade que um negócio pode ter é muito importante, pois os lucros são a base do comércio. Porém, as preferências pessoais do empreendedor devem ser consideradas muito mais importantes que lucratividade do negócio, pois o empreendedor não trabalha só por dinheiro, ele precisa se realizar e ter prazer com o seu empreendimento. Se por algum motivo o ramo de negócio não desperte a atração pessoal do empreendedor ou por alguma razão o chateia, isso o desmotivará, impedindo a dedicação e o entusiasmo necessário para enfrentar as longas horas de trabalho indispensáveis para o seu sucesso.

Dolabela, 1999, p. 45 “O empreendedor sempre quer realizar os seus próprios sonhos. É alguém que busca incansavelmente a autorrealização”.

 
Como saber se tenho perfil para ser um empreendedor? O Sebrae disponibilizou um teste sobre as razões para empreender.  
Você sabia que existem quatro perfis mais comuns entre os empreendedores brasileiros? Pois é, esses perfis são diferenciados por um conjunto de características, atitudes e expectativas que juntas compõem o cenário do empreendedorismo brasileiro.

Caso tenha interesse, baixe o material do Sebrae para ter acesso ao teste. Clique aqui