Módulo 2: Atividades pedagógicas bilíngues para o ensino das ciências da natureza (Livro Digital)

3.4 Abordagens bilíngues no ensino

No ensino de ciências da natureza, precisamos exercer o ensino bilíngue garantido pela Lei nº 14.191, de 3 de agosto de 2021, que dispõe sobre a educação bilíngue de surdos:

Entende-se por educação bilíngue de surdos, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua, e em português escrito, como segunda língua, em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade de educação bilíngue de surdos (Brasil, 2021, art.60-A).

Nas escolas bilíngues ou especiais, professores com domínio de Libras estão presentes tornando o aprendizado, sem interlocutores, mais claro e compreensível. Nas escolas regulares, a presença de professores bilíngues seria o ideal e, na sua ausência, é desejável que haja intérpretes de língua de sinais para trabalhar conjuntamente com o professor.

Surdo3.4

Lacerda (2006, p.170) comenta que:

"Na realidade brasileira, são poucas as pessoas com formação específica para atuarem como intérpretes da LIBRAS. Tem crescido o número de cursos oferecidos, todavia eles se concentram nos grandes centros, atingindo um número restrito de pessoas".

Para Oliveira e Benite (2015, p.470), o intérprete necessita ter a compreensão dos termos específicos de ciências para que a mensagem seja fiel ao ensinado. Para que o aprendizado não fique fragmentado, cabe ao professor complementar a carência dessa comunicação através de recursos pedagógicos visuais e em Libras. O desejável, para maior benefício do estudante, é a parceria entre intérprete, caso haja esse profissional, e o professor.

Para Ribeiro e Benaiter (2023), o intérprete de Libras educacional tem, entre suas atribuições, tornar o conteúdo acessível ao aluno surdo. Para isso,

Considerando que faz parte de suas atividades a colaboração com o professor regente para o desenvolvimento do surdo, incorpora suas atribuições à troca de conhecimentos relacionados à adequação de material para as aulas, tornando-as mais visuais através da utilização de imagens, vídeos e materiais concretos (Ribeiro; Benaiter, 2023, p.5).

Esse trabalho em conjunto deve ter suas funções bem claras e distintas, evitando transferências de papéis. O intérprete de Libras é o mediador de comunicação entre aluno-professores-colegas e todos aqueles que necessitam de interpretação. Já o papel do professor é educar, ensinar e ofertar materiais com acessibilidade ao seu estudante.

Saiba mais

No artigo Estratégias de ensino de Ciências para alunos surdos nos anos iniciais do Ensino Fundamental, as autoras Daniela Valdevino Lima e Luiza Valdevino Lima apresentam estratégias para o trabalho com Ciências da Natureza nos anos iniciais. Elas trazem algumas metodologias de ensino para o desenvolvimento de práticas lúdicas voltadas ao ensino de crianças surdas.

Estratégias de ensino de Ciências para alunos surdos

No artigo (Re)pensando o uso de libras e signwriting: uma experiência com mapas conceituais as autoras investigaram as possibilidades de utilização de mapas conceituais para o ensino sobre educação sexual, com alunos surdos da 7ª série do Ensino Fundamental de uma escola de educação especial no Rio Grande do Sul. Os resultados obtidos sinalizam que os mapas conceituais podem ser recursos interessantes para a aprendizagem de alunos surdos.

Uma experiência com mapas conceituais