Módulo 2: Atividades pedagógicas bilíngues para o ensino das ciências da natureza (Livro Digital)
1.4 Letramento científico
Dentre os compromissos da área de Ciências da Natureza, mencionados na BNCC, está o letramento científico, que “envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências” (Brasil, 2018, p.321).
O ensino de Ciências da Natureza tem como objetivo primordial promover o letramento científico, ou seja, desenvolver nos estudantes a habilidade de compreender o mundo, de interpretá-lo e de atuar ativamente para transformá-lo. Em outras palavras, o letramento científico é a consequência da educação científica, compreendendo as crianças como agentes atuantes no mundo tecnológico, social e natural.
Visando isso, as competências específicas para o ensino fundamental objetivam:
Fonte: adaptado da BNCC (Brasil, 2018, p.324).
Segundo Silva e Nobre (2021), o aprendizado do letramento científico vai além das ciências, pois promove:
"[...] formação humana centrada na discussão de valores e ainda, a compreensão e a expressão de sua opinião acerca dos assuntos que envolvem a Ciência, área importante para o exercício pleno da cidadania" (Silva; Nobre, 2021, p.31).
De acordo com os autores, as aprendizagens nos primeiros anos escolares são importantes pois serão refletidas ao longo da trajetória do estudante. Assim, os projetos de iniciação científica, a resolução de problemas e a construção coletiva podem ser uma porta de entrada para a compreensão do letramento científico nos anos iniciais. Nesse sentido, devemos refletir sobre como estamos planejando e desenvolvendo as práticas pedagógicas no cotidiano escolar.
O ensino que, na educação infantil acontecia através de interações entre pares e brincadeiras com intencionalidade educativa, passa a progredir, nos anos iniciais, trazendo maior comprometimento aos estudantes.
A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos (Brasil, 2018, p.57).
Ainda segundo a BNCC (Brasil, 2018, p.323),
o ensino de Ciências deve promover situações nas quais os alunos possam [...] desenvolver e utilizar ferramentas, inclusive digitais, para coleta, análise e representação de dados (imagens, esquemas, tabelas, gráficos, quadros, diagramas, mapas, modelos, representações de sistemas, fluxogramas, mapas conceituais, simulações, aplicativos etc.).
Assim, os recursos tecnológicos tornam-se fundamentais para estimular os alunos no desenvolvimento das múltiplas capacidades e habilidades de investigação, observação e análise dos saberes das ciências que permeiam o cotidiano escolar e social.
A tecnologia vem ao encontro do que se objetiva nas instituições de ensino quando o assunto é promover um ambiente que estimule a criatividade, o pensamento crítico e a autonomia, além de engajar os estudantes a aprender sobre os conhecimentos científicos de modo mais dinâmico e interativo.
Ainda, conforme a BNCC, o processo investigativo precisa ser compreendido como uma base fundamental na formação dos estudantes, assumindo um papel amplo e contínuo. Seu desenvolvimento deve estar vinculado a propostas didáticas cuidadosamente planejadas ao longo de toda a educação, de forma a permitir que os alunos revisitem e ressignifiquem, de maneira reflexiva, seus conhecimentos e sua percepção sobre o mundo em que estão inseridos e as tecnologias são meios que visam promover diferentes formas de ensinar e aprender sobre o mundo (Brasil, 2018).