Livro Didático 4 - Avaliação na EaD

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Course: 2018.1B - Planejamento e Desenvolvimento de Cursos na Modalidade a Distância
Book: Livro Didático 4 - Avaliação na EaD
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Date: Sunday, 19 May 2024, 1:14 PM

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1 Avaliação na EaD

Quando indagamos qual é a concepção ou conceito de avaliação que possuem gestores, docentes e alunos, a maioria afirma que são notas, testes, provas, exames, aprovação, reprovação, dependência, entre outras concepções e conceitos que estão presentes cotidianamente na forma como compreendemos a avaliação realizada no ensino presencial. O objetivo deste capítulo é buscar respostas a diversas indagações que realizamos em torno da avaliação, especialmente na educação a distância. 

1.1 Discussões teóricas

Ao analisar o tema deste capítulo, certamente você deve estar se perguntando:

Como avaliar na educação online, especialmente no ambiente virtual de aprendizagem?

Que procedimentos avaliativos podem ser adotados?

Quando e onde realizar a avaliação?

Quais critérios para correção devem ser adotados?

Que tipo de avaliação pode ser utilizada? 

Alguns importantes autores da educação nos ajudam a ampliar nosso olhar sobre a avaliação.

Freire (1996) explica que acreditar que conceitos ou notas possam por si só explicar a aprovação ou retenção de um aluno, sem que seja analisado todo o processo de ensino e aprendizagem e as condições que foram oferecidas para promover a aprendizagem deste aluno, é, sobretudo, tornar o processo avaliativo redutivista, conduzindo a uma visão degradada do conhecimento e das relações sociais, contribuindo assim para a alienação dos homens, ideologizando-os.  

Luckesi (2005) fala sobre a “pedagogia do exame”, isto é, a busca pelo produto expressado pela nota e/ou conceito é mais importante do que a qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Estamos acostumados a avaliar no sentido de qualificar, mensurar, selecionar. Em geral, encaramos a avaliação como um instrumento de controle utilizado pela burocracia escolar, que tem por finalidade selecionar os acadêmicos que conseguiram atingir os objetivos educacionais pretendidos daqueles que não conseguiram (GONÇALVES, 2003).

Sobre os procedimentos avaliativos na educação a distância, a empreitada é ainda mais árdua!

Estamos diante de um imenso desafio: como avaliar os alunos na modalidade a distância e ainda romper com a cultura tradicional que permeia o processo avaliativo?

A qualidade de um processo de ensino depende, em boa parte, de se conseguir ajudar os alunos a superarem os obstáculos em espaços de tempo pequenos, no momento em que são detectados. Assim, é preciso que a avaliação seja considerada no seu verdadeiro sentido, o de fazer parte do processo ensino-aprendizagem. O professor não propicia aprendizagem se não estiver constantemente avaliando as condições de interatividade com seus alunos. A avaliação é realizada ao longo do processo formativo. 

Para Haydt (2008), a avaliação apresenta basicamente três funções: diagnosticar, controlar e classificar. Relacionadas a essas três funções, existem três modalidades de avaliação: somativa, diagnóstica e formativa. Nas próximas seções, abordaremos essas três modalidades de avaliação.

A seguir, temos uma representação de como ocorre o processo de avaliação, tanto no ensino presencial quanto na educação a distância.

Tipos de Avaliação

2 A avaliação na educação a distância e os aspectos legais

É importante conhecermos alguns documentos que norteiam a oferta de educação a distância no Brasil. Entre eles, destacamos os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância e o Decreto 5.622/2005 (BRASIL, 2005), que regulamenta o artigo 80 da Lei nº 9.394/1996 (BRASIL, 1996).

O Decreto 5.622/2005, no artigo 1º do parágrafo 1º, determina que “a educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para avaliações de estudantes” (BRASIL, 2005, grifo nosso).

O Decreto, ainda no artigo 13, alínea “c”, preconiza que os projetos pedagógicos de cursos e programas na modalidade a distância deverão apresentar “o sistema de avaliação do estudante, prevendo avaliações presenciais e avaliações a distância” (BRASIL, 2005, grifo nosso).

O documento Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância, publicado pela SEED/MEC (2007), recomenda que os procedimentos avaliativos devem proporcionar ao aluno o desenvolvimento de graus mais complexos de competências cognitivas, habilidades e atitudes que colaborem em seu processo formativo. “Devem ser articulados mecanismos que promovam o permanente acompanhamento dos estudantes, no intuito de identificar eventuais dificuldades na aprendizagem e saná-las ainda durante o processo de ensino-aprendizagem” (SEED/MEC, 2007, p.16), permitindo aos alunos estabelecer relações entre os fundamentos teórico-científicos discutidos nas instituições formadoras e a sua prática profissional e social. Para que isso aconteça, é necessário que a avaliação constitua um processo contínuo da aprendizagem do aluno, possibilitando-lhe assumir a postura ativa na construção do conhecimento. Segundo este documento,

(...) as avaliações da aprendizagem do estudante devem ser compostas de avaliações a distância e avaliações presenciais, sendo estas últimas cercadas das precauções de segurança e controle de frequência, zelando pela confiabilidade e credibilidade dos resultados (SEED/MEC, 2007, p. 17).

A Portaria Normativa nº 2, de 10 janeiro de 2007, no artigo 2º do parágrafo 2º, também declara que “os momentos presenciais obrigatórios, compreendendo avaliação, estágios, defesa de trabalhos ou prática em laboratório, conforme o art. 1º, § 1º, do Decreto nº 5.622, de 2005, serão realizados na sede da instituição ou nos polos de apoio presencial credenciados” (BRASIL, 2007).

A educação online, especialmente a realizada no ambiente virtual de ensino e aprendizagem, permite o uso de diversos tipos de ferramentas, tais como chat, fórum, atividades dissertativas e objetivas, portfólio, blog, mapas conceituais, hipertextos, atividades de múltipla escola, falso ou verdadeiro, preenchimento de lacunas, objetos de aprendizagem (simuladores, vídeos), entre outros. Dessa forma, no projeto pedagógico de um curso na modalidade a distância, devem constar, por determinação legal, os procedimentos referentes à avaliação presencial e também à avaliação realizada de forma online

3 Tipos de avaliação na EaD

A qualidade de um processo de ensino depende, em boa parte, de se conseguir ajudar os alunos a superarem os obstáculos em espaços de tempo pequenos no momento em que são detectados. Assim, é preciso que a avaliação seja considerada no seu verdadeiro sentido, o de fazer parte do processo ensino-aprendizagem. O professor não propicia aprendizagem se não estiver constantemente avaliando as condições de interatividade com seus alunos. A avaliação é realizada ao longo do processo formativo. 

Para Haydt (2008) a avaliação apresenta basicamente três funções: diagnosticar, controlar e classificar. Relacionadas a essas três funções, existem três modalidades de avaliação: somativa, diagnóstica e formativa. Nas próximas seções, abordaremos a avaliação somativa, a avaliação formativa e a avaliação diagnóstica.

3.1 Avaliação somativa

Avaliação somativa

Primeiramente, é importante compreendermos a função da avaliação somativa no processo de ensino e aprendizagem, para, em seguida, refletirmos se ela pode ser utilizada na educação a distância. A avaliação somativa tem por objetivo realizar um diagnóstico do aluno no final de um período, seja no final de uma unidade curricular, de um bimestre ou de um ano letivo.

O principal aspecto enfatizado nesse tipo de avaliação é o resultado da aprendizagem baseada nos objetivos. Consiste em classificar os alunos de acordo com o nível de aproveitamento previamente estabelecido, geralmente tendo em vista sua promoção de uma série para outra ou de um grau para outro. Geralmente são realizados por meio de exercícios, questionários, estudos dirigidos, trabalhos, provas, testes e outros.

Como podemos utilizar a avaliação somativa na educação a distância, não focando exclusivamente em sua função classificatória e de mensuração, buscando utilizá-la para desenvolver habilidades cognitivas mais complexas nos alunos?

Vamos ver como é possível (re)significar a avaliação somativa!

Para (re)significar a utilização da avaliação somativa, seja no ensino presencial ou a distância, é preciso que o professor considere a avaliação no seu verdadeiro sentido, ou seja, de fazer parte do processo de ensino e aprendizagem, pois não podemos propiciar a aprendizagem se não estivermos constantemente avaliando as condições de interação com os alunos e a concepção de ensinar e aprender que permeia a organização da prática pedagógica, especialmente na educação a distância. 

Concebendo a avaliação como parte integrante do processo de ensinar e de aprender, a avaliação deixa de ser um momento final para se tornar uma busca visando à compreensão do educando e oportunizando a construção do conhecimento, levando-o a desenvolver estruturas cognitivas mais complexas durante o seu percurso formativo.

 No entanto, essas estruturas serão desenvolvidas com a intervenção do professor, que, através da mediação, estimula e propicia condições para que o aluno elabore ou aperfeiçoe seu conhecimento. Neste sentido, a avaliação pode ser feita de diversas formas e com instrumentos variados, mas “compete ao professor organizar de forma eficiente o processo da avaliação da aprendizagem” (MORETTO, 2002, p. 101).

Essa forma de conceber o processo de ensinar e aprender e, respectivamente, a avaliação exige do professor, tanto no ensino presencial quanto no a distância (MASETTO, 2006):

  • atenção nas manifestações dos alunos (orais e escritas);

  • competência para organizar atividades de ensino e encaminhamentos pedagógicos diferenciados que possibilitem a aprendizagem de todos;

  • percepção em relação à compreensão do assunto trabalhado por parte dos alunos;

  • reflexão sobre o motivo que levou a não aprendizagem;

  • verificação sobre o que os alunos fizeram de diferente e/ou de interessante nas atividades propostas;

  • observação de como o aluno pensou para chegar naquele resultado e de onde partiu;

  • elaboração de provas condizentes com a aula dada;

  • análise sobre o grau de interesse e motivação dos alunos;

  • indicação de leituras complementares.

3.2 Avaliação formativa

A avaliação formativa tem como principal objetivo acompanhar o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, o professor enfatiza os resultados da aprendizagem e estabelece um comparativo entre os diferentes resultados obtidos pelo mesmo aluno.

Neste sentido, a avaliação formativa é realizada no decorrer do ano letivo, com intuito de verificar se os alunos estão atingindo os objetivos de aprendizagem previstos. Esse tipo de avaliação é basicamente orientadora, pois encaminha tanto o estudo do aluno quanto os procedimentos do professor. Além disso, fornece dados para criar condições de melhoria do ensino, visando à aprendizagem, pois o processo não está finalizado. Por esse motivo, a avaliação formativa é a mais significativa em cursos ofertados na modalidade a distância, pois possibilita o acompanhamento e análise do aprendizado do aluno, mediando o seu percurso formativo em busca do conhecimento. 

Esse tipo de avaliação pode ser classificado de diversas formas, pois utiliza diferentes instrumentos, tais como avaliação participativa, autoavaliativa, avaliativa interpares, motivadora, processual, entre outras.

A avaliação formativa possui as características citadas a seguir, entre outras.

  • Tem como objetivo permitir ao professor compreender como o aluno elabora e constrói seu próprio conhecimento.
  • Pode ser feita com base em vários instrumentos, conforme as aulas foram ministradas.
  • Os registros não podem ser exclusivamente quantitativos, com notas ou mesmo conceitos, mas em forma de relatório e anotações que definirão estratégias posteriores e serão socializadas nas reuniões do corpo docente.
  • Não tem como objetivo principal a definição de um conceito ou nota, mas o desenvolvimento do aluno verificado durante o processo.
  • Prevê que os alunos têm ritmos e processos de aprendizagem diferentes, que permitem tornar a progressão da aprendizagem a partir das necessidades e possibilidades de cada aluno.
  • Levanta a necessidade de investigação do conhecimento prévio do estudante, para o (re)planejamento do trabalho como um todo.
  • Permite a diversificação de formas de agrupamento dos alunos, que atendem os diferentes objetivos de aprendizagem.

A avaliação formativa nos cursos ofertados na modalidade a distância é realizada ao longo do curso de forma contínua, podendo ser realizada através de ferramentas síncronas e assíncronas, tais como mapeamento conceitual, criação de portfólios, comentários postados de forma individual ou coletiva orientando o aluno, participações em grupos de discussão, em chats e mensagens.

A seguir, apresentamos um exemplo de intervenção do professor, que expressa o acompanhamento contínuo do processo de aprendizagem do aluno e representa uma forma de avaliação formativa:

Fonte: www.ead.cesumar.br

A avaliação formativa permite a adequação entre objetivos e processos de aprendizagem, nível de aprendizagem dos conceitos na unidade curricular, capacidade de aplicação de fundamentos teóricos aprendidos à realidade pessoal e profissional.

3.3 Avaliação diagnóstica

A avaliação diagnóstica tem por objetivo obter informações sobre os conhecimentos prévios dos alunos, seus gostos, interesses, atitudes. Geralmente é usada no início de um conteúdo novo, de um período letivo ou de um projeto.

Em outras palavras, a avaliação diagnóstica é aquela realizada no início de uma série ou conteúdo, para verificar os conhecimentos de cada aluno e se ele possui ou não conhecimentos e habilidades imprescindíveis para as novas aprendizagens. Ela subsidia o (re)planejamento e a organização de sequências didáticas e de ações e permite estabelecer o nível de necessidades iniciais para a realização de um planejamento adequado, que deverá ser discutido e constantemente analisado.

Nesse sentido, a avaliação deve contribuir para a democratização de ensino, ou seja, a avaliação deverá ser assumida como instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem do aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que ele possa avançar no seu processo de aprendizagem.

Na educação a distância, a avaliação diagnóstica pode ser realizada por meio de questionários disponibilizados no ambiente virtual de ensino e aprendizagem ou mesmo durante o processo de matrícula na unidade curricular ou no curso, pois é importante conhecer os alunos que estão interessados em participar daquela oferta e adaptá-la a suas realidades, suas experiências e conhecimentos (KENSKY, 2006).

Nesta perspectiva, tais questionários têm por objetivo:

  • obter informações sobre as necessidades e possibilidades de aprendizagem dos alunos sobre o conteúdo;

  • obter informações sobre as características individuais dos alunos;

  • verificar as suas expectativas sobre o curso;

  • conhecer as razões para se matricular no curso;

  • verificar as experiências e os conhecimentos prévios adquiridos nos assuntos que serão tratados no curso;

  • buscar informações em relação à fluência no uso do computador e da internet;

  • verificar a experiência e conhecimento com a plataforma (ambiente virtual de ensino e aprendizagem) na qual o curso será desenvolvido;

  • obter os dados sobre as características sociodemográficas dos alunos;

  • obter informações sobre o nível de escolaridade ou acadêmico dos alunos, entre outras.

4 Critérios de avaliação

A partir de um novo olhar sobre a avaliação somativa, é possível imprimir outra configuração a sua função, tanto na modalidade presencial quanto na a distância. Uma pesquisa realizada por Raymundo (2013) analisou atividades avaliativas dissertativas e objetivas retiradas de provas de cursos ofertados na modalidade a distância e presencial. O critério que a autora utilizou para selecionar essas provas foram os parâmetros e procedimentos pedagógicos anunciados na obra “Prova Operatória”, de autoria de Ronca e Terzi (1991), na qual os autores apresentam alguns procedimentos pedagógicos que podem contribuir para colocarmos em prática uma nova perspectiva de vivenciarmos o processo de avaliação somativa de forma (re)significada. Desta forma, os autores apresentam que a aula e, consequentemente, a prova e/ou atividades avaliativas devem apresentar as seguintes características:

  • Contextualização do conteúdo: elaborar um contexto não é apenas inventar uma história ou um bom texto ligado ao assunto tratado. É necessário que o acadêmico busque no texto dados e, a partir deles, responda à questão (RONCA; TERZI, 1991).

O contexto poder ser elaborado por meio de citações retiradas de leituras complementares ou mesmo do material didático; procedimentos e/ou conceitos estudados nas aulas; esquemas; tabelas; gráficos; histórias em quadrinhos; charges; manchetes de jornais; entrevista e reportagem de periódicos de circulação semanal (jornais e revistas); poesias e músicas; estudo de casos; situações-problemas, entre outros.

O olhar lançado sobre esse pressuposto pedagógico não é tarefa fácil e requer do professor comprometimento e tempo, afinal avaliações contextualizadas referem-se a problemas complexos e situações reais que exijam que os alunos utilizem o conhecimento adquirido para resolvê-las.

  • Enunciado e habilidades operatórias: constituem outra característica que a prova deve apresentar. Após produzir o contexto da questão, o professor deve produzir o enunciado seguido da habilidade operatória, isto é, citando qual recurso cognitivo que deve ser utilizado pelo aluno para responder a questão. Exemplos de habilidades operatórias: manejar, confeccionar, utilizar, construir, recolher, aplicar, representar, observar, experimentar, provar, elaborar, demonstrar, produzir, reproduzir, interpretar, identificar, resolver, entre outras. Essas habilidades devem ser definidas a partir do conteúdo trabalhado em aula.

O enunciado, juntamente com a habilidade operatória, apresenta um desafio e deve estar, portanto, intrinsecamente ligado ao contexto. Dessa forma, o enunciado caracteriza-se por sua clareza e objetividade ao apresentar um desafio para o aluno.

  • Utilização de parametrização para correção: a parametrização é a indicação clara e precisa dos critérios de correção, bem como do valor correspondente para cada questão da prova. O valor de cada questão da prova deve estar relacionado à complexidade do conteúdo abordado, bem como ao nível de complexidade da habilidade operatória solicitada na questão.

  • Exploração da capacidade de leitura e de escrita do acadêmico: no momento da avaliação – momento privilegiado de estudo – não são proporcionados momentos de leitura e de escrita. As perguntas são diretas e as respostas certamente serão na mesma linha. O contexto deve favorecer a leitura e as perguntas devem provocar argumentações, descrições etc. A prova operatória apresenta como característica a colocação de textos que conduzam à leitura, mesmo curta, para provocar uma resposta, também de forma escrita e com argumentação, que leve o acadêmico a escrever, exercitando-se na lógica e na correção do texto (RONCA; TERZI, 1991).

Além desses pressupostos pedagógicos apresentados, é muito importante que, independentemente do modelo adotado, ocorra previamente o anúncio dos critérios de correção da avaliação, desmitificando assim o poder da avaliação, tornando-a inerente ao processo de ensino e aprendizagem.

4.1 Avaliação por rubrica

Uso de rubrica

A rubrica é uma ferramenta utilizada para pontuação ou ainda, para criação de uma escala de valores, utilizada em sistemas de avaliação.

A Carnegie Melon University (2018) apresenta três componentes na avaliação por rubrica:

a) Critérios
Os critérios são os aspectos de desempenho que serão avaliados, como exemplo o argumento, a evidência, a clareza, o correção ortográfica, entre outros aspectos.
b) Descritores
Os descritores são as características associadas a cada dimensão (por exemplo, o argumento é demonstrável e original, as evidências são diversas e convincentes).
Cada descritor pode ser acompanhado de um peso, que quantifica o descritor pelo grau de importância.
c) Níveis de desempenho
Os níveis de desempenho são uma escala de classificação que identifica o nível de domínio dos alunos dentro de cada critério. Para cada descritor definimos um nível de desempenho.

Exemplo:

Avaliação de um resumo de capítulo solicitado pelo professor.

Critérios

Descritores

Níveis de desempenho

1) Abordagem dos 3 capítulos solicitados 
(3 pontos)

Aborda os 3 capítulos.

3

Aborda parcialmente os 3 capítulos.

2

Não fez ou o texto não aborda o conteúdo solicitado.

0

 

2) Autoria (escrita com suas palavras) 
(4 pontos) 

O texto não apresenta cópias do original.

4

O texto tem algumas partes copiadas do original sem as devidas citações.

2

O texto é cópia do original ou a atividade não foi realizada.

0

 

3) Sequenciamento lógico das ideias apresentadas
(3 pontos)

Há um sequenciamento claro de início, meio e fim no texto. 

3

Não há um sequenciamento claro ou falta um fechamento. 

2

Atividade não entregue.

0

 

Um outro exemplo de avaliação por rubrica, em um sistema de avaliação na qual são atribuídos conceitos (OT=ótimo, B=bom, S=satisfatório, I=insatisfatório), para uma disciplina de programação, é apresentado a seguir:

Critérios

Descritores

Níveis de desempenho

8. Cria procedimentos com passagem de parâmetros, para solução de problemas computacionais para atender um determinado problema.

O uso da estrutura está correto tanto na sua sintaxe quanto na ordem em que ela é colocada, atendendo integralmente o que o programa precisa fazer.

 

OT

Houve falhas no uso da estrutura, mas que não comprometem o funcionamento do programa em relação ao que foi solicitado, ou seja, os resultados são apresentados conforme pedido. Um erro possível para este conceito seria uma declaração incorreta de variável.

B

Houve erro somente que compromete minimamente o funcionamento do programa, como exemplo um único cálculo matemático que exige correção.

S

Não houve uso da estrutura solicitada ou há erros no programa que não permitem seu funcionamento para atender ao que foi solicitado. Uma chamada errada pelo procedimento também é um erro grave que demonstra o não entendimento do uso da estrutura e dos seus parâmetros.

I

 

 

 

9. Cria funções com passagem de parâmetros, para solução de problemas computacionais para atender um determinado problema.

O uso da estrutura está correto tanto na sua sintaxe quanto na ordem em que ela é colocada, atendendo integralmente o que o programa precisa fazer. O programa utiliza corretamente a função, ou seja, ela é chamada para fazer o cálculo solicitado.

 

OT

Houve falhas no uso da estrutura, mas que não comprometem o funcionamento do programa em relação ao que foi solicitado.

B

Houve erro somente que compromete minimamente o funcionamento do programa.

S

Não houve uso da estrutura solicitada ou há erros no programa que não permitem seu funcionamento para atender ao que foi solicitado. Uma chamada errada pela função também é um erro grave que demonstra o não entendimento do uso da estrutura e dos seus parâmetros.

I

4.2 Exemplos de questões

Exemplo de questão dissertativa:

1 - Para Vygotsky, existem pelo menos dois níveis de desenvolvimento: um real, que determina o que a criança já é capaz de fazer por si mesma, e um potencial, correspondente à capacidade de aprender com a ajuda de outra pessoa. Essa potencialidade de aprender é chamada por Vygotsky de zona de desenvolvimento proximal. É na zona de desenvolvimento proximal que devem ocorrer as intervenções conscientes e planejadas por parte dos professores. Partindo dos pressupostos explicitados, cite quatro intervenções pedagógicas que o professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental poderá realizar com alunos que apresentem dificuldades no conceito de adição (2,0 pontos).

CONTEXTUALIZAÇÃO - avalia capacidade de leitura e compreensão. 

Segundo Vygotsky, existem pelo menos dois níveis de desenvolvimento: um real, que determina o que a criança já é capaz de fazer por si mesma, e um potencial, correspondente à capacidade de aprender com a ajuda de outra pessoa. Essa potencialidade de aprender é chamada por Vygotsky de zona de desenvolvimento proximal. É na zona de desenvolvimento proximal que devem ocorrer as intervenções conscientes e planejadas por parte dos professores.

ENUNCIADO - avalia a habilidade de operar com os conceitos ou conteúdos avaliados. 

Partindo dos pressupostos explicitados, cite quatro intervenções pedagógicas que o professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental poderá realizar com alunos que apresentem dificuldades no conceito de adição.

PARAMETRIZAÇÃO: indica quanto vale a questão.

2,0 pontos.

 

Exemplo de questão objetiva:

Leia e analise atentamente a charge abaixo:

A partir dos fundamentos teóricos discutidos nesta disciplina, assinale a alternativa que corresponde ao procedimento metodológico que expressa a concepção de conhecimento utilizada pela professora (0,5 ponto).

a) (  ) Valoriza o produto, reforçando a repetição, a cópia, a memorização e a fixação de conteúdos.

b) (  ) Destaca o treinamento como instrumento de mudança de comportamento, por meio de programas que obedecem a etapas estabelecidas de antemão.

c) (  ) Enfatiza o planejamento cuidadoso das contingências de aprendizagem, das sequências de atividades de aprendizagem.

d) (  ) Considera os conhecimentos prévios que os alunos apresentam, sendo que tal procedimento constitui condição prévia das aprendizagens futuras.

e) (  ) Organiza uma sequência didática de atividades, enfatizando os conhecimentos prévios que os alunos apresentavam.

CONTEXTUALIZAÇÃO - avalia a capacidade de leitura e compreensão. 

A imagem da charge contextualiza o leitor em relação à situação sobre a qual irá operar.

ENUNCIADO - avalia a capacidade de operar com os conceitos na situação em avaliação.

A partir dos fundamentos teóricos discutidos nesta disciplina, assinale a alternativa que corresponde ao procedimento metodológico que expressa a concepção de conhecimento utilizada pela professora.

ALTERNATIVAS

a) (  ) Valoriza o produto, reforçando a repetição, a cópia, a memorização e a fixação de conteúdos.

b) (  ) Destaca o treinamento como instrumento de mudança de comportamento, por meio de programas que obedecem a etapas estabelecidas de antemão.

c) (  ) Enfatiza o planejamento cuidadoso das contingências de aprendizagem, das sequências de atividades de aprendizagem.

d) (  ) Considera os conhecimentos prévios que os alunos apresentam, sendo que tal procedimento constitui condição prévia das aprendizagens futuras.

e) (  ) Organiza uma sequência didática de atividades, enfatizando os conhecimentos prévios que os alunos apresentavam.

PARAMETRIZAÇÃO: indica quanto vale a questão.

0,5 ponto.

Considerações Finais

Para (re)significar a utilização da avaliação somativa, seja no ensino presencial ou no a distância, é preciso que o professor considere a avaliação no seu verdadeiro sentido, ou seja, de fazer parte do processo de ensino e aprendizagem, pois não podemos propiciar a aprendizagem se não estivermos constantemente avaliando as condições de interação com os alunos e a concepção de ensinar e aprender que permeia a organização da prática pedagógica, especialmente na educação a distância.

concepção de avaliação está intimamente ligada à concepção de conhecimento que, em última instância, determina o fazer pedagógico do professor, especialmente a forma como concebe a avaliação da aprendizagem.

Concebendo a avaliação como parte integrante do processo de ensinar e de aprender, a avaliação deixa de ser um momento final para se tornar uma busca visando à compreensão do educando e oportunizando a construção do conhecimento, levando-o a desenvolver estruturas cognitivas mais complexas durante o seu percurso formativo.

Referências

BRASIL. Lei nr. 9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>;. Acesso em: 6 maio 2018.

BRASIL. DECRETO 5622/05, de 19/12/2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Normativa nr. 2 de 10 de janeiro de 2007. 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/portaria2.pdf>. Acesso em: 6 maio 2018.

CARNEGIE MELLON UNIVERSITY. Create and using rubrics. Disponível em: <https://www.cmu.edu/teaching/assessment/assesslearning/rubrics.html>;. Acesso em: 21 abr. 2018.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GONÇALVES, Maria Helena Barreto. Planejamento e avaliação: subsídios para ação docente. Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 2003.

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 6. ed. São Paulo: Ática, 2008.

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 16. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 3. ed. São Paulo: Papirus, 2006.

MASETTO, Marcos Tarciso. Docência na universidade. 8. ed. Campinas: Papirus, 2006.

MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

RAYMUNDO, Gislene Miotto Catolino. Avaliação de Aprendizagem: uma perspectiva inovadora para a área de Ciências Humanas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO, 3., 2013, Gramado. Anais... Gramado: PUC, 2013.

RONCA, Paulo Afonso Caruso; TERZI, Cleide do Amaral. A Prova Operatória: contribuições da psicologia do desenvolvimento. 15. ed. São Paulo: Editora do Instituto Edesplan, 1991.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (SEED/MEC). Referenciais de qualidade para educação superior a distância 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf>. Acesso em: 6 maio 2018.

Ficha Técnica

Este material foi elaborado pelos professores e pela equipe de materiais didáticos do Cerfead.

[ Conteúdo ]

[Revisão - avaliação por rubrica]

Gislene Miotto Catolino Raymundo

Eli Lopes da Silva

[ Design instrucional ]

Maria da Glória Silva e Silva

[ Revisão textual ]

Vanessa Martinelli Oro

[ Programador Visual]

Daniel Mazon da Silva

[ Revisão de ABNT]

Eli Lopes da Silva