Material Didático 2: Conhecendo as demandas locais

Site: 2024/2
Curso: O fazer extensionista 2021.1
Livro: Material Didático 2: Conhecendo as demandas locais
Impresso por: Guest user
Data: Monday, 22 Jul 2024, 06:28

Introdução


Na parada anterior, você conheceu o que é extensão, as suas diretrizes, os tipos de atividades de extensão do IFSC, as suas áreas temáticas e participou do desafio de aprendizagem da parada 1. Agora, vamos iniciar o estudo de como identificar e mapear as demandas locais, principalmente aquelas que estão ao nosso redor e que, muitas vezes, nem percebemos. 

Na parada 2, utilizaremos, de forma adaptada, o livro didático “Conhecendo as demandas locais”, do curso de “Formação Continuada em Práticas Extensionistas com Base na Inovação Social”, do IFSC. Esse livro aborda o design thinking e como identificar demandas e oportunidades locais. Neste curso, abordaremos os conteúdos do livro relacionados com a identificação de demandas e necessidades da comunidade. E, também, apresentaremos os conhecimentos sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs).

 

Vamos lá?

 

1 Aprendendo a identificar demandas e oportunidades locais


É possível identificar demandas e construir novas ideias para a resolução de problemas e/ou desafios da localidade onde estamos inseridos, a partir do momento em que compreendemos as suas potencialidades e as suas fragilidades. É isso que vamos ver neste capítulo.

1.1 A coleta de dados

Para compreendermos um contexto de vida, antes de tudo, é preciso fazermos um mergulho - uma imersão - naquele contexto. Para isso, a primeira etapa, antes de qualquer proposta de solução para determinado problema ou oportunidade, é a coleta de dados. Esse é um momento muito relevante, que nos dará subsídios de dados e informações para todo o restante do desenvolvimento de uma proposta, até a criação de uma solução para aquela comunidade.

1.2 Identificando as necessidades da comunidade


O levantamento de informações, por meio de uma coleta de dados, auxilia na identificação das necessidades e das demandas que podem ser trabalhadas no contexto identificado.

Para uma boa coleta de dados, é importante conhecer o entorno de um determinado contexto, realizando, inicialmente, a identificação de: associações de bairro, empresas, escolas, lideranças comunitárias, organizações da sociedade civil, órgãos do poder público, parques, praças e outros elementos que atuam e exercem influência no desenvolvimento daquele local. A relevância desse mapeamento visa identificar potenciais parceiros e apoiadores que possam fortalecer as propostas de intervenção no ambiente de interesse. 

Além disso, é importante também identificar os pontos fortes e os pontos fracos daquele contexto. Por exemplo, a comunidade possui espaços comunitários, ao ar livre, como praça e parque infantil (ponto forte), porém eles estão sem estrutura adequada para que possam ser frequentados pelas pessoas (ponto fraco). Os equipamentos do parque estão deteriorados, sem boas condições de uso, e a praça está sem manutenção, com calçadas quebradas, entulhos espalhados e plantas sem os devidos cuidados.

 

1.3 Métodos para coleta de dados


Para a realização da coleta de dados, descrevemos abaixo alguns métodos que podem ser utilizados, durante a fase de imersão. É importante lembrar que os dados devem ser coletados e registrados de forma organizada, a fim de facilitar a fase seguinte, de análise e síntese.

 

Análise documental: é um método utilizado para extrair dados e informações de arquivos, documentos, fichas, livros, registros, relatórios, websites, dentre outros, de um determinado contexto e que estejam relacionados com o tema que está sendo analisado.

 

Entrevista informal ou conversação: a entrevista é um método que pode ser aplicado de maneira individual ou em grupo; estruturada, com perguntas elaboradas anteriormente, ou até uma conversa, com perguntas diretas ou indiretas. A coleta dos dados pode ser feita por meio de qualquer forma de registro: notas, desenhos, fotos, vídeos, gravação de áudio, dentre outros. Ela também é utilizada em conjunto com outros métodos, para sanar dúvidas e esclarecer questionamentos que possam ter surgido anteriormente.

 

Observação: este método é utilizado para observar um determinado contexto, a estrutura do local e o comportamento da(s) pessoa(s) no desenvolvimento de suas atividades. É realizado com o consentimento da(s) pessoa(s) que será(ão) observada(s) e pode envolver a conversação com esta(s). Você pode observar, por exemplo: a(s) atividade(s) que está(ão) sendo realizada(s), a estrutura física e material do local, as interações que acontecem, os objetos que estão dispostos, os usuários que aparecem, dentre outros.

 

Questionário: é um método onde você pré-elabora questões, que atendam à finalidade daquilo que precisa ser pesquisado, para serem respondidas por uma pessoa ou por um grupo de pessoas. Pode incluir questões abertas ou fechadas, de múltipla escolha, de resposta numérica, de sim ou de não e ser aplicado por meio de papel impresso ou digital, presencialmente ou digitalmente, ou, até mesmo, enviado pelos correios.  

 

Sombra: é um método utilizado para acompanhar uma pessoa, enquanto ela realiza as suas atividades, para experimentar as situações que ela vivencia, como também para perceber padrões de decisão. Assim, você vai coletando dados e informações em “primeira mão” e em tempo real. Geralmente, pode haver questionamentos ou interações com a pessoa durante a atividade, dependendo da conveniência do momento. Pode ser um acompanhamento individual em um local mais reservado ou em um ambiente público, onde tenha muitas pessoas.

 

Tour guiado: é um método aplicado para realizar visita(s) com o objetivo de conhecer o contexto da(s) pessoa(s) e perceber como ela(s) organiza(m) as informações e sistemas através do uso do espaço e dos acessórios que utiliza(m). A(s) pessoa(s) mostra(m) o seu espaço e seus objetos, e você pode ir conduzindo a visita com conversas.

 

Registro no diário: nesse método você vai ao contexto da(s) pessoa(s) para conversar sobre as atividades e/ou sobre o ambiente onde ocorrem e utiliza um diário para registrar as atividades que realiza e, assim, narrar as experiências a partir das suas próprias perspectivas. 

 

FIQUE ATENTO! 

Geralmente, alguns métodos apresentados acima são utilizados de forma presencial. Lembramos que todas as atividades do Curso O Fazer Extensionista serão realizadas de forma não presencial (ANP). Portanto, o(s) método(s) que será(ão) utilizado(s) precisará(ão) ser adaptado(s) a esta realizada.

E será que rola fazer extensão em ANP? Sim!!!! Confere os vídeos abaixo!

 

(Fonte: 

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1.4 Planejando a coleta de dados e informações


Agora, vamos ver, de forma mais prática, como nos envolvermos com uma comunidade e descobrir suas demandas e necessidades?

A seguir compartilhamos uma série de orientações para auxiliar você a planejar bem uma coleta de dados. Devemos ressaltar que cada pesquisa tem suas especificidades e particularidades; portanto, o que trazemos aqui é o que consideramos importante para uma boa coleta. Sinta-se à vontade para incluir mais tópicos na sua trilha!

Para realizar uma boa coleta de dados, é imprescindível que seja feito um bom planejamento. Para isso, você deve pensar nos seguintes aspectos:

 

Quais são os objetivos da pesquisa?

O objetivo é o primeiro ponto a ser definido na elaboração de um planejamento. Ele será o fio condutor da pesquisa, que vai influenciar na seleção dos participantes e dos métodos que serão utilizados na coleta de dados.

Quais são os recursos disponíveis?

Saber os recursos (pessoais, materiais e financeiros) que temos disponíveis é fundamental no planejamento da pesquisa, pois influencia diretamente o cronograma das atividades - o que será feito, quando será feito e quanto irá custar. Geralmente, os recursos variam conforme o tempo de trabalho da equipe, o recrutamento e o incentivo dos participantes, os materiais e/ou os equipamentos que serão necessários e as despesas que serão realizadas.

Quais serão os métodos de coleta escolhidos?

Existem vários métodos possíveis de aplicação durante a pesquisa, conforme abordamos no item acima. No entanto, os métodos selecionados devem ser adequados ao objetivo definido, ao cronograma previsto e ao orçamento disponível, entre outros.

Quem serão os participantes e como eles serão selecionados? 

Para selecionar os participantes, você pode definir critérios questionando-se sobre o perfil que pode fornecer informações importantes para a pesquisa. Os participantes “extremos” têm muito a contribuir, pois são aqueles que sentem e expressam os efeitos de forma mais intensa do que outras pessoas. É importante equilibrar os perfis escolhidos para manter a equipe diversificada e obter melhores resultados. O equilíbrio entre os participantes busca garantir que toda a escala de comportamentos, crenças e perspectivas seja ouvida, mesmo se a quantidade de participantes for pequena.

Anotação

Como e quando os dados coletados serão registrados?

Durante a coleta de dados, deve-se registrar tudo que está sendo observado e ouvido. Você pode guiar o registro dos dados definindo como categorias os principais elementos que constituem o contexto: pessoas, objetos, ambiente, atividades, interações etc. A coleta de dados deve começar durante o planejamento da pesquisa e pode ser feita por meio de diversas fontes, como websites, livros, revistas, artigos que apresentem conteúdo semelhante à pesquisa em questão.

Elaborar cronograma e planilhas com atividades

O cronograma e as planilhas com as atividades auxiliam no cumprimento dos prazos, evitando desperdício de tempo e de recursos. Também mantêm toda a equipe a par das informações necessárias para guiar as atividades da pesquisa e a fase de análise e síntese dos dados.

Preparar o material que será utilizado durante a pesquisa

Nesta fase, a equipe também deve preparar o material necessário para realizar a coleta de dados, como exemplos: questionários ou perguntas pré-definidas para conduzir as entrevistas.

Quais são as responsabilidades de cada um da equipe?

A equipe deve definir os responsáveis por cada atividade, organizando a atuação da equipe a fim de que os prazos sejam cumpridos e os objetivos atingidos.

1.5 Dicas para a realização da coleta de dados no contexto pesquisado

LIBRAS

Observe tudo que está no contexto da pesquisa

Observe as pessoas - como se comportam, o que pensam, como se sentem -, o ambiente, os elementos que fazem parte do contexto e as interações existentes.

Vá sem preconceitos

Quando for conhecer uma realidade que não é a sua, procure ir de cabeça e coração abertos! Tente deixar de lado tudo que você já ouviu a respeito daquela realidade, evitando que conceitos pré-estabelecidos te impeçam de formar novas opiniões e percepções sobre aquele contexto.

Deixe as pessoas à vontade

Explique às pessoas o que vai ser feito durante a pesquisa, assim elas vão se sentir mais seguras e confortáveis para contribuir e participar das atividades.

Construa empatia com os participantes

“A empatia é uma consciência constante do fato de que nossos interesses não são os interesses de todo mundo e de que nossas necessidades não são as necessidades de todo mundo, e que algumas concessões devem ser feitas a cada momento. Não acho que empatia seja caridade, não acho que seja um sacrifício pessoal, não acho que seja prescritiva. Acho que a empatia é uma maneira em permanente evolução de viver tão plenamente quanto possível, porque ela expande nosso invólucro e nos leva a novas experiências que não poderíamos esperar ou apreciar até que nos fosse dada a oportunidade” (Patricia Moore, no livro “O Poder da Empatia”).

Ouça abertamente

Uma das nossas maiores habilidades como seres humanos é ouvir e estabelecer conexões com as pessoas. Use muito essa nossa capacidade e ouça tudo que as pessoas têm a dizer sobre determinado contexto, mesmo que a princípio esteja fora do escopo do que foi planejado na pesquisa. Muitas vezes, é nessas informações que residem outros fatores que são importantes para todo sistema que o problema está envolvido e que muitas vezes passam despercebidos em um primeiro momento.

Para inspirar a escuta consciente e aberta, assista ao vídeo a seguir, de Otto Scharmer, sobre os quatro níveis em que podemos “ouvir” as pessoas:

Deixe os participantes guiarem a discussão

Por mais que você tenha vontade de guiar ou comentar o momento de discussão com os participantes da pesquisa, fique atento para sempre deixá-los conduzir e falar abertamente sobre os tópicos em questão. Isso não significa que você não pode questionar ou comentar a discussão, mas tenha cuidado para que os participantes sejam os protagonistas do momento, pois quando comentamos ou guiamos uma conversa corremos o risco de tendenciarmos ou influenciarmos os dados coletados.

Registre todas as informações obtidas

O registro dos dados coletados pode ser feito de várias formas: por  meio  da  tecnologia, com gravação  em  áudio,  em vídeo,  com fotografia  e  outros equipamentos; por representação gráfica: mapas, cartografias, gráficos etc.; e por  meio  do  registro  de informações  por  escrito: diário  de  campo, relatórios,  planilhas  eletrônicas,  lista  de  frequência, cronogramas,  pautas de trabalho etc. Você pode combinar uma ou mais modalidades de registro, conforme a necessidade e características do projeto. Mas lembre-se: é fundamental registrar de alguma forma tudo que você está observando e ouvindo, percebendo e sentindo em relação àquele momento, pois depois tendemos a esquecer de partes que podem ser bem importantes nas etapas posteriores.

E, por último, valorize o conhecimento popular!

Você concorda que ninguém melhor do que quem vive uma realidade para falar sobre ela, não é? Por isso, valorize as pessoas que vivem no contexto que você está tentando compreender, assim como suas opiniões e conhecimentos. Você sempre terá muito a aprender com elas!

2 Aprendendo a analisar e compilar dados


Depois de realizar a coleta dos dados, chega a hora de análise e síntese, onde a equipe vai aprender sobre o que foi coletado, organizar os dados e analisá-los, para identificar quais são os significados ocultos.

O primeiro passo é organizar os dados. Você deve expô-los de forma que fiquem visíveis para toda a equipe e dispostos em categorias. Todos os registros: notas, fotografias, gravação de vídeo e áudio, fatos, dentre outros, devem ser descritos resumidamente e sem julgamentos, para que cada pessoa da equipe faça a sua leitura, enriquecendo as percepções acerca do que foi coletado.

Após a descrição, a equipe pode organizar as percepções sobre o que foi coletado em planilhas e discuti-las entre si: as percepções são óbvias ou surpreendentes? As percepções são suficientes para cobrir todo o assunto e dão embasamento necessário para criar uma proposta de solução para aquela demanda? Caso ainda não sejam suficientes, é necessário investigar mais. Com a possibilidade de retornar às outras fases, se for necessário.

Para auxiliar nas percepções das demandas do entorno, também é interessante conhecer os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs).

 

Vamos lá aprofundar os conhecimentos sobre esses assuntos!?

 

3 Diagnóstico local com base nos ODS e nos TCTs

Agora que você já sabe como mapear as demandas locais, vamos conhecer os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS) e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs). Esses conhecimentos auxiliarão você na hora de perceber questões, potencialidades e demandas sociais para uma mudança local. "Os ODS são uma agenda para todas as pessoas e o planeta e seus objetivos inspiraram jovens de todo o mundo a fazerem a diferença em seus locais." Os TCTs devem ser abordados nos currículos escolares para que os estudantes aprendam “sobre os temas que são relevantes para sua atuação na sociedade”.

 

3.1 O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS

Para introduzir o tema sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, inicialmente, assista ao vídeo a seguir: 

(Fonte:

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Agora que você já tem ideia do que estamos falando, que tal conhecer cada um dos ODS, no site das Nações Unidas Brasil, e acessar também a "Cartilha de Perguntas e Respostas dos ODS", publicada pela PNUD do Brasil? O site detalha cada um dos 17 objetivos, especificando as suas metas e a cartilha procura esclarecer as principais dúvidas sobre os ODS, reforçando que "o desenvolvimento sustentável só será alcançado mediante o envolvimento, compromisso e ação de todos".

Como exemplo de envolvimento e compromisso de todos nós com o desenvolvimento sustentável, assista ao vídeo a seguir: 

(Fonte:

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Diante do contexto atual em que vivemos, com a pandemia causada pelo novo coronavírus, SARS-CoV2, é interessante percebermos os reflexos causados no cumprimento dos ODS, para pensarmos em possibilidades de ações que possam minimizar os impactos econômicos, sociais, ambientais e culturais em nossa localidade. Veja abaixo, um resumo do impacto da Covid-19 nos ODS:

Tradução feita pela Rede Brasil de conteúdo disponível em SHARED RESPONSIBILITY, GLOBAL SOLIDARITY

(Fonte: https://www.pactoglobal.org.br/pg/pacto-contra-covid-19)

 

Tendo noção sobre esses objetivos, que são universais, fica mais fácil olhar para a nossa realidade e identificar qual(is) demanda(s) precisa(m) de uma atenção especial para ser(em) observada(s), trabalhada(s) e resolvida(s), juntamente com as pessoas e as instituições que a integram a nossa comunidade.

Ainda está em dúvida de como você pode contribuir com os ODS? Acesse as dicas do Instituto Nação de Valor, sobre pequenas ações que podem ser incluídas no nosso dia-a-dia.

Para conhecer mais sobre os ODS, acesse o jogo “Missão ODS”, desenvolvido pela fugativa e, de forma muito interativa, teste os seus conhecimentos.

Além dos ODS, também é muito importante estarmos atentos aos Temas Contemporâneos Transversais, que devem perpassar os currículos educacionais, visando formar cidadãos mais conscientes e críticos.

3.2 O que são os Temas Contemporâneos Transversais?

Depois de uma jornada pelos ODS e de compreendermos sua importância para o planeta, vamos conhecer os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs).

Nosso trabalho no Instituto Federal de Santa Catarina e as atividades decorrentes dele, fundamentam-se na concepção de educação “como uma prática social, como um processo de humanização, [...] inserido no contexto de suas relações sociais.”. (LIBÂNEO, 2003, p. 68).

Neste sentido, educar e aprender são fenômenos que envolvem todas as dimensões do ser humano e, quando isso deixa de acontecer, produz alienação e perda do sentido social e individual no viver. 

Buscando superar as formas de fragmentação do processo pedagógico em que os conteúdos não se relacionam, não se integram e não interagem, surgem os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs). Eles têm o objetivo de explicitar a ligação entre as diferentes áreas do conhecimento e os problemas percebidos na realidade de forma integrada, bem como, de fazer sua conexão com situações vivenciadas pelas comunidades e percebidas pelos estudantes em suas realidades, contribuindo para trazer contexto e contemporaneidade aos objetos do conhecimento.

Assim, a partir de 2010, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (2010) estabelecem que os conteúdos escolares devem abordar temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida humana, tais como: saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, direitos das crianças e adolescentes, preservação do meio ambiente, educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, diversidade cultural, direitos dos idosos, educação para o trânsito. 

Para entender como eles podem ser abordados nas aulas pelos(as) professores(as), assista ao vídeo abaixo:

(Fonte:

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Em 2019, o Ministério da Educação (MEC) elaborou o documento intitulado “Temas Contemporâneos Transversais na BNCC”, apresentando propostas de práticas para a sua implementação. Esse documento apresenta as macro áreas temáticas da seguinte forma:

(Fonte: Temas Contemporâneos Transversais na BNCC).

 

Compreendemos que as práticas educativas associadas à dignidade humana necessitam ser insistentes e atuantes nas ações extensionistas, com ênfase no combate à discriminação e estigmatização das diferenças em um movimento dialógico entre escola e os “mundos” da sociedade e da vida.

Então, como construir uma ação extensionista mais humanizadora?

Há necessidade de difusão de práticas educativas que visem intensificar o comprometimento permanente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, considerando que os Direitos Humanos envolvem tanto o exercício dos próprios direitos quanto o agir em prol dos direitos dos outros. 

A garantia dos Direitos Humanos a todos indivíduos também é um caminho para o cumprimento de várias metas estipuladas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Chamamos atenção para o ODS 4, que se propõe a assegurar uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promovendo assim oportunidades de aprendizagens ao longo da vida e fornecendo uma base sólida para o alcance de outros direitos, afinal a educação é um meio transformador do ser, que por conseguinte, é o responsável pela transformação da sociedade como um todo. 

Dessa maneira, o fazer extensionista, enquanto prática educativa, precisa estar amparado na premissa da garantia dos direitos de todos os seres humanos, mas para isso precisamos conhecer, minimamente, que direitos são esses. Então vamos nos debruçar nesta jornada a respeito dos Direitos Humanos?

Vamos fortalecer o que entendemos como Direitos Humanos?

Quando nos referimos aos Direitos Humanos, o que lhe vem à mente?

Comumente ouvimos “frases feitas” que podem nos levar a uma falsa compreensão do que são os Direitos Humanos, como por exemplo: Direitos Humanos para humanos direitos”, ou também “Direitos Humanos são direitos dos manos”. Serão os Direitos Humanos uma categoria de direitos assegurados a todos(as) cidadãos(ãs)?

Os Direitos Humanos remetem aos princípios básicos do pensamento da modernidade e foi sintetizado, inicialmente, a partir dos princípios da liberdade, igualdade e oposição a qualquer tipo de atitude opressiva. Esses princípios foram organizados na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e expressavam os ideais de humanidade adaptados às circunstâncias históricas.

Com as transformações do século XX a compreensão dos Direitos Humanos foram ampliadas, resultando na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, na qual o Estado se torna o responsável pelo reconhecimento e proteção dos direitos que garantem a dignidade humana de todos os seres humanos, individualmente e nas suas relações com a sociedade. Mas a responsabilidade não é só do Estado, pois cada indivíduo também deve ser responsável pela garantia do direito do outro. 

(Fonte: Renata Waleska de Sousa Pimenta)

A pergunta que fazemos é: sendo a noção de Direitos Humanos uma criação do pensamento europeu, ela é suficiente para abarcar todas as realidades do mundo, inclusive aquelas que se distinguem do padrão europeu de pensamento e valores?

Apesar da proposta de universalidade dos Direitos Humanos, ainda existem muitos valores, concepções e preconceitos que não permitem a efetivação dos mesmos na íntegra. Sendo assim, abordar os Direitos Humanos a partir da interseccionalidade com os temas transversais e com os objetivos extensionistas, torna-se uma interessante maneira de aprimorar a consciência social.

Diante disso, percebemos que os TCTs estão presentes no nosso dia-a-dia e são temas que também podem ser trabalhados nas atividades de extensão, para atender às necessidades da localidade onde estamos inseridos. Eles também possuem relação com os ODS, pois abordam questões sociais, econômicas e culturais que permeiam a vida em comunidade.

PARA REFLETIR?

* Você conhece o potencial produtivo e econômico da região em que o câmpus do IFSC está inserido?

* Quais são os setores produtivos e econômicos que estão se expandindo na sua região?

* Quais são as necessidades da sua comunidade?

* Qual ou quais ODS pode(m) ser contemplado(s) nas práticas de extensão na sua localidade?

* Qual ou quais tema(s) transversal(is) pode(m) ser trabalhado(s) por meio das atividades de extensão na sua comunidade?

Pensando nisso e para que você aplique na prática tudo que vem aprendendo até aqui, elaboramos um desafio de aprendizagem para sua equipe. Acesse o desafio, converse com sua equipe e participe!

Considerações Finais

E aí, gostou do que viu até agora? Está empolgado em colocar a mão na massa para o desafio?

 

"Sabemos que existe um grande abismo entre a escala dos problemas que enfrentamos e a escala das soluções que oferecemos” (Social Innovation Book; Young Foundation, 2016).

 

Creio que você tenha percebido como pode contribuir para a solução desses problemas, inclusive no contexto educacional, especialmente em práticas extensionistas. 

Na próxima parada, você vai entender direitinho como trazer para o mundo real suas ideias e percepções coletadas até agora!

 

Referências

BARBOSA, E. F. Instrumentos de coleta de dados em pesquisas educacionais. Disponível em: http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/imprimir.php?modulo. Acesso em: fev. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC. MEC, 2019. Brasília, DF, 2019. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.pdf. Acesso em: mar. 2021.

BROWN, T. Design thinking. Harvard Business Review, p. 84-92, jun. 2008. Disponível em: hbr.org/2008/06/design-thinking#. Acesso em: jun. 2019.

BROWN, T.; WYATT, J. Design Thinking for Social Innovation. Harvard Business Review, p. 29-43, jul. 2010. Disponível em: www. hbr.org. Acesso em: jun. 2019.

ESCOLA DE DESIGN THINKING. E-book Inovação Social. Disponível em: http://materiais.escoladesignthinking.com.br/ebook-inovacao-social. Acesso em: maio 2019.

GERDES, K.; SEGAL, E. A Social Work Model of Empathy. Advances in Social Work, Indianapolis, v. 10, n. 2, p. 114-127, 2009.

IDEO. Design Kit. 2015. Disponível em: www.designkit.org. Acesso em: jul. 2019.

KRZNARIC, R. O Poder da Empatia. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

MANZINI, E. Design para a inovação social e sustentabilidade: comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Rio de Janeiro: E-papers, 2008 (Cadernos do Grupo de Altos Estudos; v. 1).

Missão ODS. Disponível em: http://fugativa.com.br/missao-ods/. Acesso em: mar. 2021.

MURRAY, R.; CAULIER-GRICE, J.; MULGAN, G. The open book of social innovation. 2010. Disponível em: youngfoundation.org. Acesso em: jul. 2019.

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ODS: sugestões de ações para cada um dos 17 Objetivos. Disponível em: https://institutonacaodevalor.org.br/sugestoes-de-acao-para-cada-um-dos-objetivos/. Acesso em: mar. 2021.

SANDERS , E; BRANDT, E.; BINDER, T. A Framework for Organizing the Tools and Techniques of Participatory Design. In: BIENNIAL PARTICIPATORY DESIGN CONFERENCE PCD, 11th, 2010, New York. Proceedings… New York: ACM press, 2010, p. 195-198.

VIANNA, M.; VIANN A, Y.; ADLER, I.; LUCENA, B.; RUSS O, B. Design Thinking. Inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2011.

Ficha Técnica

Ficha Técnica Original:

[ Conteúdo ]

Douglas Paulesky Juliani

Patrícia Deporte de Andrade

Rafael Rodrigues da Silva

Uda Flavia Cunha Souza Fialho

[ Design educacional ]

Maria da Glória Silva e Silva
Equipe Pedagógica do Cerfead

[ Desenho gráfico ]

Daniel Mazon da Silva
Equipe de Materiais Didáticos do Cerfead

[ Revisão textual ]

Vanessa Martinelli Oro (Revisão - versão 1)

Denise de Mesquita Corrêa (Revisão - versão atualizada)

Ficha Técnica Adaptada:

[ Conteúdo ]

Felipe José Schmidt

Karla Ferreira Knierim

Letícia Cunico

Liziane Renate Lessak

Magali Inês Pessini

Renata Waleska de Sousa Pimenta

[ Design educacional ]

Maria da Glória Silva e Silva
Equipe Pedagógica do Cerfead

[ Desenho gráfico ]

Daniel Mazon da Silva
Equipe de Materiais Didáticos do Cerfead

[ Revisão textual ]

José Orlando Miranda Botelho