Programação

  • Leituras de formação em letramento racial.


    📘 Módulo 3 – Prática Antirracista e Engajamento Social

    Objetivo: Planejar ações educativas e institucionais que promovam a equidade racial e a valorização da diversidade.


    🧠 Parte 1: Planejamento de Ações Afirmativas

    🛠️ O que são ações afirmativas?

    As ações afirmativas são políticas públicas e institucionais voltadas à correção de desigualdades históricas e estruturais enfrentadas por grupos socialmente discriminados — especialmente a população negra, indígena e outros povos racializados no Brasil.

    Elas não buscam “privilégios”, como muitas vezes é falsamente alegado, mas sim igualar as condições de acesso e permanência a direitos básicos como educação, emprego, saúde e representação política.

    Exemplos de ações afirmativas no Brasil:

    • Cotas raciais em universidades públicas e concursos públicos.

    • Programas de bolsas de pesquisa para estudantes negros(as) e indígenas.

    • Apoio a produções culturais e científicas de intelectuais negros e negras.

    • Incentivos à contratação de profissionais negros no mercado de trabalho.

    Essas medidas partem do princípio da equidade, e não da igualdade formal: é preciso oferecer mais a quem historicamente recebeu menos, para que se possa falar em justiça social.


    📌 Por que planejar ações afirmativas em sua instituição?

    O planejamento de ações afirmativas deve ser construído com base em diagnósticos internos, escuta ativa da comunidade e compromisso com metas claras.

    Passos básicos:

    1. Levantar dados sobre a composição racial da instituição.

    2. Identificar desigualdades de acesso, permanência e representação.

    3. Dialogar com grupos racializados sobre suas demandas e vivências.

    4. Estabelecer metas e prazos.

    5. Monitorar e avaliar os impactos das ações implementadas.

    Reflexão:
    ➡️ Sua instituição tem algum programa específico voltado à promoção da igualdade racial? Se não tem, por onde começar?

    🧠 Parte 2: Formação Continuada Antirracista e Avaliação de Políticas Públicas

    🧩 Formação continuada: um compromisso institucional

    A construção de uma instituição antirracista não acontece por meio de ações pontuais. É preciso que haja formação continuada, ou seja, um processo educativo permanente, crítico e reflexivo.

    Formação continuada antirracista é mais do que falar sobre diversidade. Trata-se de:

    • Promover o letramento racial de toda a equipe.

    • Discutir vieses inconscientes, privilégios e hierarquias raciais.

    • Incluir perspectivas negras, indígenas e plurirraciais nos currículos e práticas profissionais.

    • Capacitar para o acolhimento de denúncias de racismo com empatia e responsabilidade.

    É papel das lideranças incentivar e investir nesse processo. Afinal, não existe neutralidade diante do racismo: ou se combate, ou se perpetua.

    Sugestão: Utilize materiais de autoras e autores negros(as) e indígenas como base para estudos institucionais. Trabalhos de Djamila Ribeiro, Silvio Almeida, Lélia Gonzalez, Grada Kilomba e Beatriz Nascimento são referências fundamentais.


    📊 Avaliação de políticas públicas de igualdade racial

    Avaliar é tão importante quanto implementar.

    Para garantir que ações antirracistas tenham efetividade real, é preciso acompanhar seus impactos a partir de indicadores concretos, como:

    • Quantidade de pessoas negras e indígenas em cargos de liderança.

    • Redução de evasão escolar entre estudantes negros.

    • Nível de satisfação de usuários(as) negros(as) de serviços públicos.

    • Frequência e tipo de denúncias relacionadas ao racismo institucional.

    Além disso, a escuta qualificada de grupos minorizados deve ser uma ferramenta permanente na construção e avaliação das políticas.

    Lembre-se: Políticas públicas antirracistas não devem ser tratadas como exceção ou favor. Elas são direitos garantidos por marcos legais, como:

    • Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010)

    • Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 (educação sobre história e cultura afro-brasileira e indígena)

    • Convenção Interamericana contra o Racismo (ratificada pelo Brasil)

    Parte 3: Ouvidorias, Práticas Pedagógicas e Plano de Ação Antirracista

    📣 Ouvidorias como instrumentos de transformação

    Como já visto no Módulo 2, as ouvidorias exercem um papel crucial no combate ao racismo institucional. Neste módulo, reforçamos a importância de transformá-las em ferramentas de escuta ativa e encaminhamento eficaz.

    Para isso, é necessário:

    • Implementar protocolos específicos para denúncias de discriminação racial.

    • Garantir formação antirracista da equipe técnica.

    • Divulgar os canais de denúncia de forma acessível, clara e acolhedora.

    • Garantir a devolutiva às vítimas com respeito, escuta e proteção.

    Uma ouvidoria antirracista é aquela que não neutraliza conflitos raciais, mas os reconhece, escuta e enfrenta com ética.


    🧑🏽‍🏫 Práticas pedagógicas e culturais com enfoque racial

    A prática pedagógica antirracista deve:

    • Questionar conteúdos eurocêntricos.

    • Valorizar intelectuais, artistas e movimentos negros, indígenas e quilombolas.

    • Incorporar metodologias que respeitem diferentes formas de aprender, pensar e se expressar.

    • Trabalhar a diversidade étnico-racial em todas as áreas do conhecimento, não apenas em datas comemorativas.

    Exemplos práticos:

    • Uso de literatura negra e indígena nas aulas de português.

    • Projetos interdisciplinares sobre ancestralidade e identidade racial.

    • Oficinas culturais com expressões de matriz africana e afro-brasileira.

    • Produção coletiva de murais e painéis sobre referências negras na ciência, arte e política.

    Essas práticas contribuem para um ambiente escolar e institucional mais justo, seguro e representativo para todas as identidades.


    📝 Elaboração de um Plano de Ação Antirracista

    Agora é o momento de sistematizar tudo o que foi aprendido no curso.

    O plano de ação antirracista deve conter:

    1. Diagnóstico do problema racial na instituição ou território.

    2. Objetivos específicos (ex: aumentar a presença de autores negros nos materiais didáticos).

    3. Ações planejadas (formações, eventos, mudanças curriculares, contratação, etc.).

    4. Cronograma e responsáveis.

    5. Indicadores de acompanhamento e avaliação.

    Esse plano pode ser adaptado ao contexto educacional, institucional, comunitário ou profissional.


    🌱 Encerramento do módulo

    Ser antirracista é uma escolha diária. Mais que uma bandeira, é uma responsabilidade ética, pedagógica e institucional.

    Convidamos você a continuar esse compromisso por meio da prática, da escuta e do aprendizado constante.

    Como escreveu Angela Davis:

    “Não basta não ser racista. É preciso ser antirracista.”

    Como tarefa de formação, escolha um PDFs para leitura individual.

    Elabore um resumo do que mais importante você entendeu e como esse conhecimento pode ser incorporado em sua vida. 

    Bom estudo !