3 Mediação e Comunicação

3.4 Papéis dos participantes

Na situação atual, professores e alunos estão lentamente incorporando novas formas de trabalhar o processo educativo, que passa a ocorrer de forma mais colaborativa, já que o professor deixa de ser soberano ou dono de todo o conhecimento. Os alunos passam a ter um papel mais ativo, deixam de ser meros expectadores da apresentação de conteúdos e passam a trabalhar em conjunto com o professor na construção do conhecimento e do processo de ensino e aprendizagem. As autoras Konrath, Tarouco e Behar (2009) trabalham com assuntos relacionados e confirmam essa situação na atualidade:

A perspectiva da nova educação pressupõe que o professor assuma um novo papel no processo de ensino-aprendizagem no qual ele media as interações do aluno com o objeto de estudo/conhecimento. Além disso, o uso das tecnologias é pensado como forma de tornar o processo de ensino-aprendizagem mais eficiente e eficaz no sentido de que a aprendizagem realmente aconteça e seja significativa (KONRATH; TAROUCO; BEHAR, 2009, p. 2).

Vamos a seguir conhecer um pouco do papel do estudante e do professor dentro do processo educativo, observe ainda as considerações sobre a similaridade que já se encaminha para a função da tutoria.


Papel do professor

Neste cenário, o papel do professor se enriquece quando executa as funções de mediador, incentivador ou motivador da aprendizagem, apresentando-se como elo entre o aprendiz e sua aprendizagem, estabelecendo a partir da comunicação dialógica e da mediação pedagógica esse elo. Neste novo papel do professor, é interessante citar uma pesquisa realizada por mais de 50 especialistas sobre atuação na educação moderna. Essa pesquisa, publicada por Mariana Fonseca e Agda Sardenberg (2013), indica as características da atuação dos professores, conforme você pode ver na tabela a seguir:

Característica de atuação

Descrição

Coerência

atuar em sintonia com o Projeto Político Pedagógico da escola, compreendendo seu papel e cumprindo suas metas.

Integralidade

compreender o estudante de forma integral, buscando identificar suas necessidades de desenvolvimento no nível intelectual, físico, emocional, social, cultural.

Reconhecimento

conhecer a realidade do aluno, da sua família e da comunidade em que a escola e esses estudantes estão inseridos.

Empatia

acolher as diferenças, reconhecendo que cada estudante é único, aprende de uma forma diferente e vive em um contexto próprio.

Sonhos

conhecer os interesses, anseios e/ou o projeto de vida dos seus alunos e apoiá-los a alcançar seus objetivos.

Tempo Integral

considerar o estudante durante todo o tempo em que está na escola e não apenas na sua sala de aula.

Cumplicidade

conhecer as famílias de seus alunos, dialogar com elas e criar vínculos para fortalecer o seu desenvolvimento integral.

Trilhas

construir roteiros educativos que integrem disciplinas tradicionais com atividades complementares, saberes acadêmicos e populares, promovendo o desenvolvimento integral dos alunos.

Colaboração

trabalhar de forma colaborativa com outros professores da escola, criando comunidades de aprendizagem para compartilhar desafios e propor estratégias articuladas que respondam às demandas do desenvolvimento integral.

Relacionamento

estabelecer uma relação mais igualitária e dialógica com seus alunos, reconhecendo seus saberes e legitimando a sua capacidade de contribuição com seu próprio processo de desenvolvimento.

Mediação

ser um mediador, facilitador e articulador do conhecimento, provocando o aluno a aprender a partir de seus próprios questionamentos.

Pesquisa

convidar o estudante a perceber a realidade como objeto de estudo.

Protagonismo

promover o protagonismo do aluno, incentivá-lo a ser autor e proponente do seu próprio processo pedagógico.

Participação

colaborar com a equipe gestora no sentido de apontar necessidades de infraestrutura, propor projetos e ações inovadoras e se envolver com atividades do programa que extrapolem a sua sala de aula.

Acompanhamento

 avaliar continuamente os processos de ensino-aprendizagem, em conjunto com seus estudantes, estimulando que reconheçam o que precisam fazer para alcançar seus objetivos individuais e coletivos.

Aprendizagem

admitir que pode errar e aprender enquanto ensina, inclusive com seus alunos.

Tabela: Características de atuação do professor na nova educação.
Fonte: Fonseca e Sardenberg (2013).

Observe que as características da atuação do professor foram detalhadas na tabela apresentada, isto é, para ressaltar as diversas atividades e posturas a serem praticadas durante o processo educativo, facilitando a mediação pedagógica e o sucesso do aluno. E muitas destas devem ser também praticadas na função da tutoria. No decorrer do curso você conhecerá de forma detalhada as ações e atividades do tutor, mas pode ir incorporando a linha de atuação e a relação com a atividade docente.


Papel do Estudante

Focando no papel do aluno, é importante salientar que se espera dos alunos ou pelo menos se propõe à eles a participação efetiva no processo de ensino e aprendizagem. O aluno continua sendo o centro da preparação escolar, ou seja, é o foco de projetos políticos pedagógicos de cursos. Os professores se preparam para promover o ensino, com estratégias de práticas pedagógicas em que o aluno é um ser atuante. Neste cenário de alunos participantes, eles precisam trabalhar, ou seja, participar efetivamente da busca da sua aprendizagem.

Se o que pretendemos é que o aluno construa seu próprio conhecimento, aplicando seus esquemas cognitivos e assimiladores à realidade a ser aprendida e desenvolvendo o seu raciocínio, devemos permitir que ele exerça sua atividade mental sobre os objetos e até mesmo uma ação efetiva sobre eles. Isto é, os educandos devem ter papel ativo em sala de aula, colaborando de alguma forma, ou seja, assim como o professor, eles também devem ser participantes, ou melhor, “sujeitos da história na medida em que a constroem ao lado de outros seres humanos, num contexto socialmente definido" (LUCKESI, 1993, p.114).

Dessa forma, professores e alunos têm uma relação mais próxima, pois ambos são peças importantes no desenvolvimento do processo educativo. As tecnologias, por sua vez, têm a missão de facilitar esse processo, oferecendo ferramentas de informação e comunicação para interações em tempo real ou diferentes tempos, sanando problemas de tempo e distância geográfica, e ainda, estabelecendo a mediação pedagógica através da dialogicidade.

SAIBA MAIS

Você pode fazer uma leitura complementar acessando o artigo: Competências: desafios para alunos, tutores e professores da EaD, que aborda um pouco sobre o espaço de sala de aula da educação a distância (EaD) e os papéis assumidos no grupo são diferentes das aulas presenciais e exigem habilidades e competências apropriadas.

Neste tópico você pode conhecer os papéis ou formas de atuação de professores e estudantes dentro da educação atual, permeada por tecnologias, dentro de uma sociedade que exige novas formas no processo educativo.  Dentro deste contexto é importante saber como deve ocorrer a mediação pedagógica e que práticas são bem vindas para se alcançar a educação de qualidade.

Confira no próximo tópico!