1.4 O processo de letramento

É importante compreender que o letramento é um processo contínuo de desenvolvimento da linguagem; ou seja, não existe um indivíduo totalmente letrado, uma vez que este conceito está relacionado às práticas sociais de leitura e de escrita e às necessidades e exigências tanto sociais como de cada indivíduo no seu meio social.

Na prática:

Vejamos um exemplo para deixar isso mais claro: com o advento das redes sociais, novas práticas sociais surgiram, as quais exigiram o uso de novos gêneros textuais/discursivos, justamente para dar conta de determinadas necessidades sociais. Assim, nós, como indivíduos em processo de letramento, somos movidos, por exemplo, a desenvolver nossas habilidades de leitura e de escrita em posts do facebook, do instagram e em mensagens de aplicativos de conversa. Perceba que isso ocorre nas mais variadas esferas de uso da língua, desde as comunicações pessoais até contextos de textos instrucionais bem como nos usos acadêmicos da língua escrita.

Perceba, portanto, que quando falamos de Letramento, estamos falando de graus ou níveis de Letramento, justamente porque este conceito está relacionado com os usos sociais que fazemos da língua. Estamos diante, portanto, de um processo contínuo de desenvolvimento da linguagem, cujos diferentes tipos e graus de letramento vinculam-se às necessidades e exigências sociais e individuais.

Podemos ter, por exemplo, um sujeito minimamente letrado, que sabe identificar o valor do dinheiro, identifica o ônibus que vai tomar e consegue fazer cálculos e ler textos menos complexos, como bilhetes, mas não tem o hábito da leitura de jornais. Por outro lado, encontramos sujeitos com maior nível de letramento e uma apropriação mais efetiva da escrita, como é o caso de alguém que escreve romances ou textos acadêmicos de determinada área do conhecimento (Marcurschi, 2008).

Sendo assim, alfabetizar letrando significa pensar nos usos sociais de leitura e de escrita envolvidas no processo de alfabetização numa perspectiva de língua como um fenômeno social que leva em conta as relações entre língua, cultura e sociedade, pois a função última de aprender a ler e escrever é justamente interagir socialmente dentro de determinados contextos de uso da língua escrita.