1.1 Perceber e interpretar o mundo pelas Ciências Humanas

Para iniciar nossa conversa, é importante salientar o quão amplo é o conhecimento que abarca as ciências humanas. Podemos falar de história e geografia, mas também de filosofia, sociologia, antropologia, entre outras áreas de igual valor e importância. Por questões de delimitação curricular, oficialmente focamos no ensino de história e de geografia, mas sempre lembrando da importância de pensar a relação dessas duas disciplinas entre si e com as demais de forma interdisciplinar.

A interdisciplinaridade permite integrar saberes e práticas, superando a fragmentação do conhecimento. O trabalho interdisciplinar favorece a articulação entre tempo e espaço, cultura e natureza, sujeitos e contextos históricos, contribuindo para uma aprendizagem mais significativa.

Segundo Veiga (2003), a interdisciplinaridade rompe com a lógica isolada das disciplinas e promove a construção coletiva do conhecimento, valorizando a dialogicidade e a complexidade dos fenômenos sociais. Assim, o ensino de Ciências Humanas deve incentivar práticas pedagógicas integradas, que envolvam pesquisa, leitura crítica de fontes diversas e análise de temas contemporâneos, promovendo a formação cidadã e a compreensão do mundo em sua pluralidade.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (Brasil, 2018), nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o ensino de Ciências Humanas deve valorizar as experiências e vivências dos alunos, incentivando práticas como a escuta sensível, o lúdico e a exploração de diferentes espaços educativos.

Globo_terrestre

A BNCC destaca a importância do desenvolvimento de procedimentos investigativos, como a observação, o registro e a análise de fontes históricas, que possibilitam aos alunos compreenderem a si mesmos, os outros e o meio em que vivem. Esse processo contribui para a articulação entre o espaço e o tempo vividos, fortalecendo o pensamento crítico e criativo a partir da realidade dos estudantes.

Você sabia?

Fontes históricas são todos os registros deixados por seres humanos e que servem de base para a construção do conhecimento histórico. Elas incluem desde documentos escritos até objetos materiais, imagens, relatos orais e registros digitais. O historiador analisa essas fontes para compreender os acontecimentos do passado, os modos de vida, as relações sociais e as transformações ao longo do tempo (Certeau, 1982; Bloch, 2001).

História

A análise das fontes deve considerar o contexto histórico de produção, a intencionalidade do autor, o público-alvo e a relação com os acontecimentos da época (Magnoli; Araújo, 2009).

Segundo Bloch (2001), o historiador precisa tratar toda fonte com espírito crítico, como se estivesse interrogando um “testemunho” do passado.

Os museus são espaços que abrigam e expõem fontes históricas, ou seja, objetos, documentos e outras evidências materiais do passado. Ao visitar um museu, as crianças podem ter contato direto com essas fontes, o que permite uma compreensão mais profunda e significativa da história.

Figura 1 - Crianças visitando um museu

Visitando_museu

Fonte: Flickr