1.3 O ensino de Ciências Humanas na Educação Bilíngue de Surdos

O ensino de Ciências Humanas na Educação Bilíngue de Surdos demanda uma abordagem que respeite a singularidade linguística e cultural dos estudantes surdos.

O desenvolvimento linguístico da criança surda depende de como se deu o seu processo de aquisição da linguagem, ou seja, do momento em que teve acesso à língua materna, da qualidade das interações linguísticas na família e no ambiente escolar, entre outros fatores (Quadros, 1997).

Todos esses aspectos influenciam na capacidade de recepção e expressão da criança surda na sua primeira língua (L1), e consequentemente, nas possibilidades de aprendizagem de uma segunda língua (L2) e de conteúdos veiculados nela.

Muitos alunos são provenientes de famílias ouvintes não sinalizantes, ou vêm de contextos escolares ditos inclusivos, onde o único contato com a língua de sinais é por meio do tradutor e intérprete de língua de sinais. Atender alunos em níveis tão heterogêneos de aquisição de L1 e de L2 exige que o professor ponha em funcionamento diferentes tipos de linguagens nas práticas pedagógicas.

Mesmo atuando em escolas bilíngues, em que a língua principal de instrução é a Libras, é bastante desafiador para o professor pensar estratégias de ensino que alcancem todos os estudantes.

Por se tratar de crianças que estão em processo de alfabetização e letramento em uma segunda língua, é importante incorporar práticas pedagógicas que fomentem o contato com a língua portuguesa escrita de maneira contextualizada. Em nosso entendimento, a área de ciências humanas é um espaço privilegiado para o exercício da leitura e da escrita.

No entanto, precisamos repensar aquela velha fórmula da “pedagogia de folhinhas”, que intuitivamente somos levados a fazer com alunos surdos. Colar um sinal em Libras retirado de um dicionário de Libras e produzir inúmeras folhas de atividades não se constitui necessariamente como material didático bilíngue, justamente por não pensar no uso da língua em contexto, por não valorizar as habilidades de visualidade, espacialidade e comunicação na língua materna do estudante.

Veja o exemplo abaixo do tipo de atividade muito comum a que nos referimos:

Figura 2 - Exemplo de atividade sinalizada sem contexto

Atividade_sinalizada

Fonte: busca livre da autora no Google (2025)

Apesar de ter a língua de sinais presente, não significa que estejamos, de fato, produzindo uma aula bilíngue. Esse tipo de material pode até servir de suporte, como uma forma de registro de conteúdos já trabalhados, mas não como uma ferramenta em si para a construção do conhecimento.

A mediação do professor sempre será parte fundamental de qualquer proposta pedagógica que pretenda atender às necessidades linguísticas dos alunos surdos. Por isso, é fundamental, que você, professora(or) aprenda Libras! Busque conhecer a língua de seus alunos para poder se inteirar de seu universo cultural e para mediar a aprendizagem de forma significativa.

Para aprofundar os saberes sobre o ensino de História e de Geografia, você pode assistir às videoaulas elaboradas para o curso Educação de Surdos em perspectiva bilíngue: teoria à prática de ensino, ofertado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Os vídeos estão disponíveis gratuitamente na plataforma eduplay.

Ensino de História:

Ensino de Geografia: