A Gestão de Riscos, composta pelas fases de prevenção, mitigação e preparação, é um processo contínuo e permanente, apoiado por estruturas institucionais e comunitárias, com o objetivo de identificar, analisar e mitigar os riscos presentes em um território. 

A gestão de riscos de desastres centra-se na redução de riscos e transcende os limites municipais, exigindo articulação em diferentes níveis territoriais e sociais, pois o local é, muitas vezes, o depositário do risco, mas não necessariamente o único produtor. Por vezes, o risco que se apresenta em uma comunidade está relacionado a processos que ocorrem em outra localidade.

A percepção da existência do risco e a identificação de sua origem são etapas importantes para avaliar os riscos, pois permitem compreender sua gravidade e alcance, viabilizando a adoção de práticas específicas para gerenciá-lo.

Essa percepção é fundamental para identificar os diferentes tipos de risco, elencados abaixo:

Risco Instalado: pode ser compreendido como o risco efetivo, presente e aparente, existente em áreas já ocupadas, sendo identificado através da análise de evidências no terreno, ou seja, condições “visíveis” de que eventos adversos podem se repetir ou estão em andamento, por meio de trabalhos e inspeções de campo

Risco Aceitável: é aquele que uma determinada sociedade ou população aceita como admissível, após considerar todas as consequências associadas ao mesmo. Em outras palavras, é o risco que a população exposta está preparada para aceitar e não sente a necessidade de se preocupar com a sua gestão.

Risco Tolerável: é aquele com que a sociedade tolera conviver, mesmo tendo que suportar alguns prejuízos ou danos, porque isto permite que usufrua de certos benefícios. Constitui-se de um risco para o qual não são feitos esforços efetivos para sua redução.

Risco Intolerável: é aquele que não pode ser tolerado ou aceito pela sociedade, uma vez que os benefícios ou vantagens proporcionadas pela convivência não compensam os danos e prejuízos potenciais.

Risco Residual: é o risco que ainda permanece mesmo após a implantação de ações e medidas de mitigação para a redução do risco. É a porção do risco que não pode ser completamente eliminada, mesmo com esforços para controlá-lo, sendo o objetivo do gerenciamento de riscos reduzi-lo a um nível aceitável ou tolerável. 

Após identificar e analisar os riscos, um componente essencial do processo de gestão de risco é a tomada de decisão, por meio da identificação e instrumentação de soluções concretas. O processo de gestão envolve ações para evitar a instalação de novos riscos, para eliminar ou reduzir os riscos instalados, ou para conviver com o risco residual, através de 3 tipos de gestão, conforme segue:

1 – Gestão prospectiva (de prevenção): se desenvolve em função do risco ainda não existente, que pode ser previsto por meio de um processo de planejamento adequado. A sua prática tem o objetivo de evitar a instalação de novos riscos, estando estreitamente alicerçada ao planejamento e desenvolvimento urbano, e fiscalização da construção em áreas suscetíveis. 

2 - Gestão corretiva (de mitigação): as ações devem eliminar ou reduzir o risco já existente e instalado, produto de ações sociais diversas realizadas no passado, envolvendo geralmente medidas estruturais, como obras de contenção, urbanização e remoção de moradias. É importante que a gestão corretiva não se caracterize, apenas, por ações pontuais e isoladas sobre um cenário de risco iminente, mas possibilite intervir sobre este contexto, buscando desenvolver práticas transformadoras na relação entre os seres humanos e os espaços em que vivem.

3 - Gestão reativa ou compensatória (de preparação): se desenvolve por meio de um processo de preparação proativa para responder a eventos adversos, focando em minimizar o impacto de desastres, através de ações antecipadas e estruturadas, como a elaboração dos planos de contingência e emergência, a realização de simulados, a organização da assistência humanitária e a implantação de sistemas de monitoramento e alerta. Este tipo de gestão envolve ações necessárias para conviver com o risco aceitável e tolerável, ou até mesmo com os riscos residuais, que não podem ser completamente eliminados pelo gerenciamento corretivo.

DG - refazer figura Tipos de Gestão de Riscos (e mudar o título do balão)

 

Fonte: Elaborado por UNDRR.

 

Podemos concluir que a gestão de riscos de desastres é a aplicação de políticas e estratégias de redução de riscos de desastres para prevenir novos riscos de desastres, reduzir riscos de desastres existentes e gerenciar riscos residuais, contribuindo para o fortalecimento da resiliência e redução de perdas por desastres (UNDRR, 2025).

Apenas uma pequena parte do investimento em Gestão de Riscos é destinada à redução do risco existente (gestão corretiva) e à prevenção de novos riscos (gestão prospectiva). A maior proporção é destinada ao atendimento do risco residual (gestão compensatória), embora esta última continue sendo deficitária em relação ao crescimento contínuo de perdas e danos.

 

Última atualização: Tuesday, 26 Aug 2025, 03:41