3.2.3 Aquisição da Libras no contexto escolar

O contexto escolar, conforme o estudo de Quadros et al (2018), aparece como o principal ambiente de contato com a língua de sinais.

Você sabe o que isso significa?

Em linhas gerais, esse dado demonstra a importância da presença dos profissionais bilíngues - surdos ou ouvintes - no espaço escolar e, principalmente, de pessoas que conheçam as especificidades linguísticas e pedagógicas do aluno surdo.

Se a escola for o primeiro local de contato com a língua de sinais para a criança, possivelmente será também o lugar de referência para a família. Em muitos casos, cabe à escola a tarefa de conscientizar a família sobre a relevância do acesso à língua de sinais, desmistificando concepções enraizadas em torno da surdez e do desenvolvimento linguístico da criança.

Você Sabia?

O contexto linguístico em que a criança surda está inserida poderá ser determinante no seu processo de aquisição da linguagem, pois mesmo apresentando condições internas (biológicas) para adquirir a linguagem de forma natural e normal, como as crianças ouvintes, há a possibilidade de atraso linguístico e/ou sequelas devido à falta de input (estímulos linguísticos) em uma língua à qual a criança tenha acesso completo o mais cedo possível.

Informações e estudos referentes ao processo de aquisição normal precisam ser compartilhados com os pais, que muitas vezes desconhecem essa possibilidade e deixam de entender e de serem entendidos pelos filhos por um longo tempo” (Quadros e Cruz, 2011, p. 35).

E se muitas crianças surdas têm tido contato com a Libras somente no contexto escolar, quem são os profissionais que interagem com essas crianças nos primeiros anos escolares?

Você consegue perceber a importância de um pedagogo bilíngue preparado para trabalhar com crianças surdas, especialmente, pelo fato de ser fluente em língua de sinais?

É o pedagogo, profissional que atua na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, que oportuniza o input linguístico visual para as crianças surdas cujos pais não têm fluência ou sequer ouviram falar da língua de sinais.

Além disso, você, profissional da educação, tem papel fundamental na orientação às famílias a respeito de cursos de Libras, da participação em associações de surdos, mostrando que a Libras oportuniza a comunicação e possibilidades que ajudarão essa criança surda a trilhar seu próprio caminho.

Ressaltamos acima a importância do papel do pedagogo bilíngue na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Mas, você já ouviu falar no Decreto nº 5.626 de 2005? Pois bem, este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras. Em seu capítulo III, da formação do professor de Libras e do instrutor de Libras, o Decreto traz o seguinte:

Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue. (Brasil, 2005)

Conheça o texto completo do Decreto

É necessário que as escolas tenham professores bilíngues capacitados para o ensino na língua de sinais para as crianças surdas desde o início da sua escolarização. Para isso, é importante conhecer o processo de aquisição da língua de sinais e práticas pedagógicas que auxiliem nesse processo.