4. Apropriação do português escrito como segunda língua pelos surdos

É importante que você conheça e compreenda a situação sociolinguística na qual a pessoa surda se encontra: ela convive e interage diariamente com duas comunidades linguísticas distintas, a dos surdos e a dos ouvintes. Portanto, ela precisa se tornar bilíngue, pois pelo menos duas línguas são necessárias para a realização das diferentes tarefas de sua vida cotidiana, uma língua de sinais e o português escrito (no caso do Brasil).

Na comunicação com outros surdos e com os ouvintes sinalizantes, ela necessita da Libras e na comunicação com os ouvintes não sinalizantes ela precisa do português escrito. Esse tipo de bilinguismo tem sido denominado como “bilinguismo bimodal” ou “bilinguismo surdo” (Grosjean, 1993; Quadros, 2008; Quadros, 2017).

Veja a definição desenvolvida por François Grosjean para esse tipo de bilinguismo:

Imagem de François Grosjean

François Grosjean

“O bilinguismo que observamos na comunidade surda é um bilinguismo de minoria em que os membros da comunidade adquirem e utilizam tanto a língua minoritária (língua de sinais) quanto a língua majoritária na sua forma escrita e, às vezes, na sua forma oral e, até mesmo, na sua forma sinalizada”
(Grosjean, 1993, p. 74)