Módulo 2: Literatura, linguagem e visualidade na educação de surdos (Livro Digital)
3.1 O fazer narrativo que conta e encanta
Você já narrou uma história para seus alunos em Libras?
Será que há estratégias que podem nos ajudar a alcançar os objetivos, através da contação de histórias, com esses pequenos sujeitos de cultura visual?
As pesquisadoras Sutton-Spence e Kaneko (2016) buscaram respostas para essa questão. De acordo com elas, é preciso considerar o conteúdo e a forma na escolha da história, que poderão variar conforme os destinatários das obras, crianças, jovens ou adultos. Também é primordial que as contações de história aconteçam em Língua de Sinais, por narradores tradutores-intérpretes de Libras ou narrador surdo ou ouvinte usuário de Libras, que possam incentivar as crianças a ler e ensiná-las sobre a sociedade e a cultura que compartilham com as pessoas ouvintes.
Saber sinais, por parte do narrador, não garante uma narrativa que alcance e contagie a criança surda. Quando falamos sobre a importância de o narrador contar histórias em língua de sinais é preciso considerar seu nível de conhecimento e envolvimento com a história, bem como é preciso que seu nível de proficiência na língua de sinais seja suficiente para emocionar, empolgar e construir identidade cultural.
Espera-se que os narradores:
As sensações provocadas pelas narrativas orais tornam-se momentos de ludicidade e fantasia, de liberdade e imaginação, de prazer e encantamento. O compromisso do narrador quanto à competência de sua performance em um nível que alcance essas sensações deve ser muito sério. Em um trocadilho bem curioso “está em suas mãos”, e em toda a expressão corporal, ativar essas sensações e tornar vivas e significativas as experiências com narrativas infantis.
Fazendo uma analogia, tomando a fala de Costa (2007), sob a perspectiva de que “a literatura é a arte da palavra”, podemos dizer que, para as pessoas com cultura visual, as narrativas orais são a arte da sinalização.