Módulo 2: Literatura, linguagem e visualidade na educação de surdos (Livro Digital)
4. Experiências práticas de leitura e contação de histórias
Agora que você já estudou sobre a importância do fazer narrativo, vamos compartilhar algumas atividades práticas para você ter como inspiração e poder pensar suas próprias práticas com literatura infantil e contação de histórias.
As atividades apresentadas foram realizadas em uma escola bilíngue de surdos, na cidade de Paranaguá, no Estado do Paraná. Os exemplos mostram algumas experiências no trabalho com a literatura infantil através da leitura e contação de histórias, com o objetivo de ensinar Libras, Português e promover práticas de letramento.
A figura abaixo (Figura 1) mostra o professor surdo bilíngue junto com a professora ouvinte bilíngue, contando uma história partindo de uma imagem e depois relacionando ao texto exposto no papelógrafo. Essa atividade tinha como objetivo aprimorar a produção textual em Libras e em português.
Figura 1 - Contação de história em Libras e em Português
Fonte: acervo fotográfico da autora
Os momentos de contação de história aconteciam na sala de literatura. Não havia datashow para projetar imagens, mas havia um tapete e uma pequena roda, onde as crianças liam os livros e contavam as histórias em Libras. Essa fase acontecia depois da contação pela professora. Também havia encenações de pequenos contos, como "A cigarra e a formiga", para que as crianças vivenciassem as histórias que liam e as contações (Figura 2).
Figura 2 - Contação e encenação das histórias
Fonte: acervo fotográfico da autora
Outra estratégia para aproximar as crianças das histórias era expor os personagens no quadro e então pedir para as crianças criarem sinais e usarem os personagens como referência para a criação da sequência dos contos.
O varal de histórias também ajudava os pequenos a fazerem relações entre a imagem e o texto. Para trabalhar a memória visual, considerando que as crianças surdas não utilizam a silabação, o mesmo texto era exposto em papelógrafo para que as crianças comparassem palavras apresentadas em cartões com as palavras no contexto do texto (Figura 3).
Figura 3 - Varal de histórias, personagens e memória visual
Fonte: acervo fotográfico da autora
O mesmo texto também poderia ser contado pelas crianças diretamente do papelógrafo com o texto em português. Após todo o trabalho de contação de história pelo professor, as crianças se colocavam como narradores e recontavam as histórias para seus colegas.
Com o objetivo de prepará-los melhor para a leitura do texto, sinais já trabalhados na contação de histórias eram escritos em português em cartões para serem usados em uma dinâmica com a turma. Os cartões eram espalhados sobre as mesas e, após a identificação do sinal realizado pela professora, os alunos procuravam a palavra correspondente nos cartões (Figura 4).
Figura 4 - Dinâmica com cartões para identificação das palavras
Fonte: acervo fotográfico da autora
As histórias trabalhadas na sala de literatura também eram temas para a sala de português escrito como segunda língua (L2). A professora bilíngue mediava a produção de livros escritos e ilustrados pelos alunos (Figura 5).
Figura 5 - Escrita de livros pelos alunos
Fonte: acervo fotográfico da autora
Na sala de artes, a professora bilíngue mediava a criatividade dos alunos em diferentes produções artísticas remetendo ao texto trabalhado na sala de literatura e na sala de língua portuguesa escrita como L2 (Figura 6).
Figura 6 - Produções artísticas para ilustrar as histórias
Fonte: acervo fotográfico da autora
Ao final da fase de trabalho com o tema escolhido, era realizada uma Sessão Pipoca (Figura 7) exibindo o filme com o título da história trabalhada, interpretada por uma professora bilíngue. A escola também realizava uma exposição para familiares e amigos, com o objetivo de valorizar o trabalho dos alunos e motivá-los a continuar aprendendo e se desenvolvendo na literatura.
Figura 7 - Sessão pipoca
Fonte: acervo fotográfico da autora
E então, gostou das práticas apresentadas? Você já desenvolveu alguma prática pedagógica para trabalhar a literatura com crianças surdas? Agora é a sua vez de compartilhar conosco as suas experiências.