5.2.1 Elementos visuais

Dondis (2000, p.51) apresenta uma lista de elementos visuais que, segundo ela, “constituem a substância básica daquilo que vemos (...)”. São eles: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.

A leitura visual resulta de um entrelaçamento de todas essas informações do objeto, de todos os seus elementos visuais, suas características formais e cromáticas, juntamente com as pré-informações do leitor acerca do objeto, instigando a imaginação e a invenção simbólica.

Dondis (2000, p.27) afirma que “o que vemos é uma parte fundamental do que sabemos [...]” e, portanto, o letramento visual pode nos ajudar “a ver o que vemos e a saber o que sabemos”.

A autora menciona que uma das operações mais primitivas do nosso cérebro é a busca por equilíbrio. De diversas formas procuramos obter o equilíbrio a fim de manter a estabilidade, a simetria, a simplicidade. Quando não alcançamos o equilíbrio desejado, gastamos energia e presenciamos o fenômeno da tensão.

Observe a figura abaixo:

Figura 8 - Equilíbrio x Tensão

Na imagem à esquerda, vemos a silhueta do que parece ser uma pessoa em pé, em uma superfície horizontal. A ausência de detalhes e a sensação de estabilidade causam uma sensação de equilíbrio, havendo uma diminuição do incômodo visual e uma sensação de tranquilidade.

Já a imagem à direita, mostra a silhueta de uma pessoa que parece estar prestes a cair. Ainda que seja uma imagem simples, sem muitos detalhes em seu interior, a instabilidade provoca no cérebro uma sensação de incômodo.

Essa sensação de incômodo gera uma série de operações internas em nosso cérebro, que trabalha a fim de adequar a imagem a uma posição de estabilidade.

E olha só que interessante! Apesar do estresse visual, as imagens que produzem essa tensão, desestabilidade ou incômodo, costumam chamar mais a nossa atenção.

Nessa perspectiva, é Interessante disponibilizar para os alunos diferentes imagens e promover uma discussão sobre as estratégias de composição visual utilizadas. Uma dessas estratégias é a regra dos terços, muito utilizada pela mídia para direcionar o olhar na imagem.

Regra dos terços é uma técnica de enquadramento que divide a imagem em 9 partes, com duas linhas verticais e duas horizontais. O objeto principal deve ser alinhado em cima das linhas ou nos pontos de intersecção e não no centro da imagem.

Observe a imagem abaixo:

Figura 9 - Regra dos terços

Fonte: Martin Gommel | Via Flickr

Estudos demonstram que os olhos humanos se direcionam para um dos pontos de intersecção e não para o centro da foto. Quando o elemento principal está no centro, isso gera estabilidade e não há espaço para que o olhar do observador percorra a imagem.

A regra dos terços, ao sugerir posicionar os elementos de destaque da foto próximos às linhas de grade, gera uma tensão, um desconforto e, por consequência, maior interesse do observador. É uma maneira de induzir o olhar para algo que se quer chamar a atenção.

Socialize! 

Para entender melhor a teoria de Dondis, que tal experimentá-la na prática?

Tire uma foto de algum objeto ou encontre imagens em sites. Uma das imagens precisa transmitir a sensação visual de equilíbrio (objeto no centro) e a outra, de tensão (objeto fora do centro). Se precisar, retome o exemplo da regra dos terços para ajudar na definição das imagens.

Apresente essa imagem para seus alunos ou para pessoas que estão aí próximas de você. Incentive-as a analisar e comparar os efeitos percebidos na observação das imagens. Qual foi a percepção das pessoas com relação às imagens? Qual das imagens chamou mais a atenção do observador?

Compartilhe com os colegas no fórum os resultados que você conseguiu.

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