5.2.2 Cultura visual

Outro autor que contribui para o aprofundamento sobre a visualidade e o letramento visual, situando-o culturalmente, é Fernando Hernández (2000).

Esse autor considera a cultura como mediadora do processo de compreensão das representações e dos artefatos visuais e defende uma compreensão crítica da cultura visual.

Para ele, compreender o objeto visual é um aprendizado que leva em conta a diversidade que constitui as pessoas. Ao tentar compreender os “porquês” do que se vê, é possível perceber os valores culturais que as pessoas compartilham.

A cultura visual se configura na relação entre o objeto e quem o interpreta. Não se trata de uma relação passiva, mas sim de um processo dialético e social. A significação está vinculada ao diálogo estabelecido entre o processo interno do indivíduo e a realidade externa.

Campello (2008) defende que a experiência visual está vinculada ao processo de constituição do sujeito surdo. Com base na perspectiva histórico-cultural de Vigotski, a autora afirma que “a visualidade contribui, de maneira fundamental, para a construção de sentidos e significados” (p.205).

Ao fazer referência ao termo “cultura visual”, Campello (2008) nos ajuda a compreender que os diversos artefatos adaptados ao modo de viver dos surdos são marcados pelo caráter visual. Por exemplo, a língua de sinais, a literatura, as artes, a tecnologia, entre outros que, ao serem compartilhados entre os pares surdos, resultam na organização de uma cultura própria. Isso comprova que a visualidade participa tanto do processo de produção da cultura quanto do de apropriação.

Você conhece?

O Grupo Signatores, de Porto Alegre (RS), é um grupo de criação e pesquisa teatral composto por artistas que se utilizam da Língua de Sinais. Os surdos são os principais autores da produção artística, em um processo de constante diálogo.

O nome do grupo vem da junção das palavras "signo" e "atores". Signatores é também um trocadilho com as palavras "signatário" e "signatura", duas palavras com origem no latim "signare" (aquele que assina); o ator/autor assina o seu próprio trabalho.

Surgiu a partir do interesse em investigar as possibilidades de criação artística dos surdos e os processos de construção da linguagem teatral própria da Cultura Surda. Busca incentivar a formação de docentes e pesquisadores na área teatral e aproximar jovens e adultos surdos das artes cênicas.

Para conhecer um pouco do trabalho do grupo, assista a reportagem sobre a peça teatral Alice no país das maravilhas.

Reportagem sobre grupo Signatores