3. Metodologias de ensino de ciências para estudantes surdos

No ensino de estudantes surdos, a abordagem visuoespacial precisa ser explorada a fim de aliar teoria e prática. Na visão de Skliar (2001, p.11), “a surdez é uma experiência visual”.

A área de Ciências da Natureza aborda assuntos que, na maioria das vezes, não fazem parte da vida cotidiana do aluno. Quando os assuntos ministrados se afastam da realidade, contribuem para que o estudante surdo, segundo Guimarães (2023, p.35), “[...] acabe desistindo dos estudos ou atrasando na conclusão” dos seus estudos.

Para o estudante surdo, os estímulos visuais auxiliam na compensação sensorial, ou seja, o aprendizado será mais satisfatório ao comparar com um estudante ouvinte. Mas, para isso, as imagens precisam trazer sentido ao aluno, pois senão:

Usando palavras ou sinais soltos, sem coerência e fluência do discurso, com a Língua de Sinais fraca e você mostrando a gravura com uma mão só e usando a outra para sinalizar, fica pior ainda. Mesmo com os desenhos no quadro, apesar de não serem perfeitos e com a Língua de Sinais rudimentar, também fica sem coesão (Campello, 2008, p.104).

Essa mesma autora defende o uso de todas as formas de recursos em Libras, sejam eles em vídeos, imagens, esquemas, animações, a fim de auxiliar na comunicação e no entendimento natural dos conceitos. E, por se tratar de crianças dos anos iniciais, o contato com a Língua Brasileira de Sinais, língua materna dos surdos, deve ser instigado todos os dias.

Os professores devem ficar atentos para o processo de aprendizado, pois não é apenas com imagens que a criança surda aprende. Também deve-se ter o cuidado de não focar excessivamente nas palavras em português e nos sinais.

O aprendizado é mais efetivo quando as estratégias de ensino envolvem o sensorial (ver, sentir, cheirar o fenômeno que será trabalhado), passam pela modelagem (maquetes, diagramas, modelos) e concluem com o registro simbólico (o sinal na Libras, a palavra em português, fórmulas, cálculos). Esses elementos devem ser apresentados de forma articulada (Picanço; Andrade Neto; Geller, 2021, p. 405).

Os exemplos apresentados neste curso buscam ajudar você, professor(a), a elaborar suas aulas de forma bilíngue, acessível, com elementos sensoriais/visuais, possibilidades de como modelar/ilustrar e como fazer o registro simbólico com os sinais e palavras.