A análise de risco é uma metodologia de estudo que permite a identificação e a avaliação das ameaças de eventos ou acontecimentos adversos de maior prevalência em determinado contexto. Ao mesmo tempo, permite a identificação das comunidades vulneráveis a essas ameaças, dentro de um determinado sistema receptor, cenário de desastres ou região geográfica (CASTRO, 2007).

A análise de riscos é o processo de identificar e compreender a natureza do risco, analisando suas causas, origens e os fatores que o influenciam. É o momento onde você irá estimar o risco, geralmente como um produto da sua probabilidade de ocorrência e a gravidade do seu impacto.

Já a avaliação de risco é o processo de comparar os resultados da análise de risco com critérios pré-definidos, como determinar se o risco é aceitável ou não, para priorizar as ações de intervenção, com a decisão sobre quais medidas de controle ou mitigação devem ser implementadas.

Primeiro identificamos e analisamos os riscos existentes e, posteriormente, atuamos em duas frentes: de um lado, atuamos de modo a diminuir a probabilidade e a intensidade da ameaça; de outro, atuamos para reduzir as vulnerabilidades e fortalecer a capacidade de enfrentamento dos riscos.

Ao conhecer a probabilidade e a magnitude de determinados eventos adversos no seu município ou comunidade, bem como o impacto deles, caso realmente aconteçam, temos a possibilidade de selecionar e priorizar os riscos que exigem maior atenção.

O processo de Avaliação de Risco, etapa inicial da Gestão de Riscos, é dividido em três etapas:

Etapa 1 - Identificação de Riscos

A identificação de riscos pode ser definida como o processo para determinar o que, onde, quando, porque e como algo poderia ocorrer.

O principal objetivo da identificação de riscos é reconhecer os eventos ou combinações de eventos adversos que podem ocasionar danos ao ser humano, à propriedade ou ao meio ambiente, para que possam ser definidos os possíveis cenários que poderão acarretar consequências significativas.

É importante utilizar ferramentas adequadas para coleta de dados e informações que possibilitem a identificação de riscos, como parte da estratégia de gerenciamento de riscos a ser adotada. Dentre as ferramentas mais utilizadas podemos citar:

  • Brainstorming: Elaboração de uma lista por uma equipe multidisciplinar, a partir de uma discussão sobre os eventos adversos que já ocorreram e os que podem vir a ocorrer.

  • Entrevistas: Entrevistar as comunidades que residem nas áreas de interesse, e especialistas, com o objetivo de identificar os desastres potenciais de maior prevalência na região e as suas características intrínsecas.

  • Histórico: Levantamento de ocorrências e séries históricas já cadastradas nos municípios em sistemas próprios ou pelo S2ID (Sistema Integrado de Informações de Desastres) cujos dados alimentam o Atlas Digital de Desastres no Brasil, da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.

O conhecimento prévio do tipo de evento, natural ou tecnológico, que pode suceder em determinada localidade, sua frequência e possíveis locais de ocorrência permite a adoção de medidas preventivas e mitigatórias.

Etapa 2 - Análise de Riscos

A análise de riscos consiste na identificação dos determinantes e agravantes de um risco. É por meio da avaliação da sua gravidade em conjunto com a probabilidade que se define o nível de risco. Essa etapa é crucial para determinar a necessidade de ações de intervenção e controle, visando mitigar os riscos identificados.

Uma vez identificados os riscos, é importante compreender e determinar o nível de cada risco. O nível de um risco pode ser determinado pela combinação das suas consequências (gravidade) e a chance de ocorrência (probabilidade).

Gravidade: É o grau de dano às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio se o risco se manifestar.

Probabilidade: É a chance de ocorrência do risco baseada, sempre que possível, em dados quantitativos.

Nível de Risco: É a combinação entre a gravidade e probabilidade. Existem várias metodologias para estabelecer o nível de risco, sendo a mais comum o produto entre o peso da gravidade e o da probabilidade.

As consequências (gravidade) e a probabilidade podem ser estimadas por:

  • Análises objetivas, com cálculos estatísticos e probabilísticos;

  • Estimativas subjetivas, que reflitam o grau de expectativa de um indivíduo ou grupo quanto à ocorrência de um determinado evento ou resultado.

A estimativa de riscos resulta da análise das variáveis “ameaça” e “vulnerabilidade”, que permitem estabelecer as relações de causa e efeito, bem como dos níveis de “exposição” a essa ameaça.

A caracterização dos riscos é a descrição final dos diferentes efeitos potenciais de uma determinada ameaça e a estimativa dos danos prováveis, em função da relação existente entre a magnitude (gravidade) do evento adverso e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor. 

Ao se concluir a análise do risco, chega-se a uma síntese por meio da qual se estimam os riscos, ou seja, a intensidade dos danos e prejuízos previstos, em termos de probabilidade estatística de ocorrência e gravidade das consequências possíveis, conforme ilustra a imagem a seguir.

Fonte: Arquivos SDC

Construir um gráfico para visualização das estimativas é uma boa alternativa para categorizar os riscos que, de acordo com diferentes metodologias, podem estar agrupados em um maior ou menor número de níveis. 

No exemplo a seguir o risco foi categorizado em 4 níveis:

DG usar as cores no destaque

- Nível I: têm alta probabilidade de se concretizar e os danos serão severos.

- Nível II: têm pequena probabilidade de se concretizar e os danos serão severos.

- Nível III: têm alta probabilidade de se concretizar e os danos serão pequenos.

- Nível IV: têm pequena probabilidade de se concretizar e os danos serão pequenos.

Fonte: Arquivos SDC

A análise dos riscos compreende a conclusão sobre o grau de importância dos riscos existentes numa determinada comunidade e é fundamental para a etapa de planejamento das ações de redução de risco.

Etapa 3 - Avaliação do Risco

A avaliação do risco constitui-se no processo de comparação entre o nível de risco resultante da análise de risco e os critérios de riscos estabelecidos. Isso possibilita que sejam tomadas decisões quanto à extensão e a natureza das intervenções necessárias e quanto às prioridades de ação.

A avaliação de risco é útil para a tomada de decisão quanto à aceitabilidade de riscos e às medidas de controle necessárias para a sua redução.

Depois de avaliados, pode-se fazer uma hierarquização dos riscos a fim de identificar prioridades para as tomadas de decisão, principalmente quando trabalhamos com vários tipos de risco.

Esta é a etapa final do processo de avaliação de riscos de desastres, que permite, após caracterizar a importância dos riscos estudados, hierarquizá-los, ou seja, determinar quais riscos são prioritários para o esforço de prevenção, mitigação e preparação. 

Resumindo, a avaliação de riscos de desastres é uma metodologia de planejamento, com características de estudo de situação, que tem por finalidade identificar os desastres potenciais de maior prevalência e caracterizar a sua importância, em função da probabilidade de ocorrência e da estimativa dos danos previsíveis, caso o desastre se concretize.

4.2 Mapeamento de Riscos

Após realizar a avaliação dos riscos, e mensurar o risco através da quantificação da frequência da ocorrência de eventos indesejáveis e de suas consequências, é importante mapear a área geográfica que provavelmente será afetada. 

O mapeamento de riscos é uma representação gráfica que espacializa os riscos em um determinado local ou uma área geográfica. Ele ajuda a visualizar os riscos presentes e a intensidade de cada um, permitindo ações preventivas e de resposta. 

Definidos os riscos, o mapeamento identificará onde estes ocorrem e, por meio de estudos de correlação e monitoramento, serão definidos os momentos de maior probabilidade de deflagração do processo.

O mapeamento de risco é um instrumento eficaz de gestão de risco, especialmente para o gerenciamento de riscos geológicos, como os movimentos de massa, e riscos hidrológicos, como as inundações. No entanto, riscos de ocorrência de eventos meteorológicos e climatológicos, como tornados e granizo, tornam o mapeamento mais complexo, devido à sua imprevisibilidade.

Apesar da dificuldade de mapeamento preciso, o acompanhamento meteorológico e climático é fundamental para a prevenção e mitigação desses riscos, como o alerta precoce e a preparação para situações de emergência. 

Existem diferentes tipos e metodologias de mapeamento de risco, entre as quais podemos destacar:

  1. Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações 

As Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações indicam as áreas suscetíveis a processos do meio físico cuja dinâmica pode gerar desastres de origem natural. 

Os processos do meio físico analisados compreendem os principais tipos de movimentos gravitacionais de massa (deslizamentos; rastejos; quedas, tombamentos, desplacamentos e rolamentos de rochas; e corridas de massa) e de processos hidrológicos (inundações e enxurradas), os quais estão frequentemente associados a desastres de origem natural ocorridos no País, como pode-se observar a seguir:

Fonte: Dashboard das Cartas de Suscetibilidade no Brasil (atualizado em 07/07/2025). Disponível em: https://geoportal.sgb.gov.br/portal/apps/dashboards/d55b875b15f6489e957fe9dd4ee5ee4b

As zonas apontadas nas cartas indicam áreas de maior ou menor propensão a esses processos, mas não fornecem detalhes sobre a trajetória ou o alcance dos materiais mobilizáveis, nem a interação entre os processos. Dentro das zonas pode haver áreas com classes distintas, mas sua identificação não é possível, devido à escala da carta, e a transição entre as classes tende a se apresentar de modo mais gradual.

O zoneamento apresentado é de nível básico e está fundamentado em fatores naturais predisponentes espacializáveis, obtidos por meio de compilação e tratamento de dados secundários disponíveis, modelagem matemática e validação em campo.

As informações geradas para a elaboração da carta estão em conformidade temática com as escalas 1:50.000 (AC, AM, AP, PA, RO e RR) e 1:25.000 (demais estados), podendo a carta eventualmente ser apresentada em escalas menores.

Fonte: Carta do município de Botuverá/SC, município com maior percentual de área com alta suscetibilidade a movimentos de massa em relação a área do município. Disponível em: https://rigeo.sgb.gov.br/handle/doc/15116

 

O produto objetiva disponibilizar ao município informações do meio físico, de modo que possam ser utilizadas como subsídio à revisão de planos diretores, bem como à elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização e de áreas de risco, entre outros instrumentos de planejamento e gestão territorial.

Importante destacar que estudos mais detalhados em nível local são necessários, particularmente em áreas de suscetibilidade alta e média, podendo produzir limites distintos ante os apontados na carta. Além disso, a baixa suscetibilidade não significa que os processos não poderão ser gerados, pois atividades humanas podem modificar sua dinâmica e alterar localmente a classe indicada.

A caracterização do grau de suscetibilidade a determinado processo do meio físico em uma área específica deve impor as correspondentes medidas de restrição à ocupação, de modo a evitar a formação de novas áreas de risco, bem como induzir práticas e normas técnicas para assegurar o uso adequado do solo em áreas não ocupadas e fomentar ações voltadas à eliminação de riscos e redução das vulnerabilidades em áreas ocupadas, especialmente nas urbanizadas.

Visa-se, sobretudo, instrumentalizar as prefeituras municipais em suas ações de planejamento e gestão territorial e de prevenção de desastres socioambientais.

  1. Cartas de Setorização de Risco Geológico

A Cartografia de Setorização de Risco Geológico consiste na identificação, delimitação e caracterização das porções urbanizadas do território municipal sujeitas a sofrerem perdas ou danos causados por eventos adversos de natureza geológica e objetiva subsidiar a tomada de decisões assertivas relacionadas às políticas de ordenamento territorial e prevenção de desastres.

A identificação de áreas de risco é feita em campo e se baseia na observação das características morfológicas do terreno, na identificação de indícios de instabilidade de taludes e encostas, no histórico de ocorrência dos eventos adversos de natureza geológica, e no grau de vulnerabilidade das construções e de seus moradores. 

A setorização de risco é realizada exclusivamente nas áreas de risco alto e muito alto, relacionadas principalmente com movimentos de massa e inundações, em escala entre 1:1.000 a 1:2.000/1:2.500.

Fonte: Dashboard da Setorização de Risco Geológico realizados pelo SGB/CPRM (atualizado em 23/06/2025). Disponível em:https://geoportal.sgb.gov.br/portal/apps/dashboards/c338199dee3a4d4bb0e43738b424a298

Apesar da diversidade de processos geológicos que podem causar desastres em todo o mundo, o Brasil tem um histórico de vítimas principalmente ligado a eventos hidrológicos fluviais e de instabilidade de taludes ou encostas. Por esse motivo, as áreas de risco geológico são mapeadas com foco nesses processos, mas também são consideradas outras áreas, como as sujeitas à erosão e movimentação de dunas. 

O setor de risco geológico consiste em um polígono envolvendo a porção de uma encosta ou planície de inundação com potencial para sofrer algum tipo de processo natural ou induzido que possa causar danos, sendo delimitado sobre imagens e/ou fotografias georreferenciados em ambiente SIG (formato shapefile) ou gerado como arquivo do Google Earth.

Fonte: Setor de risco de Brusque, município de Santa Catarina com maior número de áreas de risco mapeadas pelo SGB/CPRM. Disponível em: https://rigeo.sgb.gov.br/handle/doc/18513.1

Os trabalhos de campo incluem o levantamento estimado do número de moradias e pessoas afetadas ou passíveis de serem afetadas. São indicadas as intervenções estruturais e não estruturais, tais como obras de contenção, drenagem, remoção de moradias, entre outras.

O governo de Santa Catarina, visando atender o que determina a Lei n° 12.608/12 e  apoiar o fortalecimento da gestão de riscos nos municípios, firmou em 2017 convênio com o SGB/CPRM para setorização dos municípios do estado ainda não mapeados, sendo o primeiro estado da federação a ter 100% dos municípios com Setorização de Risco Geológico.

Destaca-se a utilização para a geração de informações técnicas com vistas a alimentar a base de dados das instituições responsáveis pelas ações de monitoramento e alerta de desastres, a elaboração de planos de contingência, o embasamento das ações dos órgãos de fiscalização voltadas à inibição da expansão das áreas de risco, o subsídio para definição de critérios para disponibilização de recursos públicos destinados ao financiamento de obras de prevenção e resposta a desastres, entre outras.

Sabendo o tipo de risco, como, onde e quando ele poderá ocorrer, serão definidas as medidas de redução de risco a serem tomadas, sejam de caráter estrutural ou não-estrutural e quem será o responsável por elas.

 

  1. Cartas Geotécnicas de Aptidão à Urbanização

As Cartas Geotécnicas de Aptidão à Urbanização são documentos cartográficos que avaliam a capacidade dos terrenos para suportar diferentes usos e práticas da engenharia e do urbanismo, com o mínimo de impacto possível e com o máximo de segurança para a população. 

O objetivo é caracterizar os terrenos do ponto de vista geológico-geotécnico para determinar suas aptidões à ocupação, considerando a probabilidade de ocorrência de desastres naturais.  

A cartografia abrange as áreas não ocupadas no entorno das zonas urbanizadas, as quais caracterizam áreas de expansão a médio e longo prazos, seja por apresentarem características favoráveis à ocupação ou por estarem definidas nos planos diretores municipais como áreas de interesse de expansão.

O Plano Diretor é o principal instrumento de ordenamento territorial e planejamento urbano dos municípios, obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes, sendo essencial para a promoção de políticas públicas voltadas à gestão de risco. Quando bem planejado, elaborado e direcionado, ele orienta o crescimento urbano, estabelece diretrizes para o uso sustentável do solo e define estratégias para mitigar impactos ambientais e sociais decorrentes dos desastres. 

O trabalho cartográfico envolve o levantamento de informações do meio, com a descrição de características da área (geologia, solos/materiais inconsolidados e geomorfologia) e a execução de ensaios (in situ e em laboratório). Tais informações são analisadas e trabalhadas em escritório para composição do documento cartográfico.

Fonte: Carta de Aptidão à Urbanização do município de Rio Branco do Sul/PR. Disponível em: https://rigeo.sgb.gov.br/handle/doc/24710

As bases cartográficas e as imagens nas quais são lançados os dados coletados nos trabalhos de mapeamento de campo geralmente são as mesmas utilizadas nas cartografias de suscetibilidade, ajustadas em seus detalhes no campo à escala de mapeamento de 1:10.000, ou de maior detalhe, e a uma carta-síntese elaborada em menor escala, com o objetivo de apresentar uma visão geral da área municipal.

As Cartas Geotécnicas de Aptidão à Urbanização são documentos estratégicos para o crescimento planejado das cidades e fornecem aos municípios orientações para o planejamento do uso e da ocupação do território sob sua jurisdição, indicando as áreas mais favoráveis à expansão urbana e evitando, assim, problemas relacionados ao uso inadequado do meio, à instalação de novas áreas de risco e aos consequentes custos sociais e materiais associados aos desastres naturais.

 

  1. Cartas de Perigo Geológico

As Cartas de Perigo a Movimentos Gravitacionais de Massa objetivam identificar, por meio de critérios topográficos, áreas propensas a quatro tipologias específicas de movimentos de massa (deslizamentos planares, deslizamentos rotacionais, quedas de blocos e fluxo de detritos), delimitar projeções para seu comportamento (área de geração e de atingimento) e qualificar sua gravidade, usando para isso indícios físicos no terreno.

A metodologia foi desenvolvida em parceria com o governo japonês durante o Projeto de Fortalecimento da Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Riscos em Desastres Naturais - Projeto GIDES (2013 – 2017) e uma parceira com o Serviço Geológico do Brasil - SGB permitiu que o estado de Santa Catarina fosse pioneiro no país em aplicar a nova metodologia em 5 municípios, fornecendo assim informações primordiais para gestão de risco em seus territórios.

Fonte: Carta de Perigo do município de Santo Amaro da Imperatriz/SC. Disponível em: https://www.sgb.gov.br/produtos-por-estado-cartografias-de-perigo

O mapeamento é executado geralmente em áreas de interesse indicadas pelo município, na escala de referência de 1:10.000, ou de maior detalhe, e pode compreender áreas ocupadas e não ocupadas do território municipal.

O objetivo principal é subsidiar as políticas de ordenamento territorial e a tomada de decisão de gestores públicos e profissionais dos setores público e privado que atuam promovendo ações de gerenciamento dos riscos.

Este tipo de mapeamento é uma ferramenta para auxiliar a gestão territorial e as políticas de uso e ocupação do solo, buscando servir de guia para a expansão urbana dos municípios em locais seguros, e evitando a formação de novas áreas de risco. Além disso, orienta a implantação de obras preventivas nas áreas prioritárias, a elaboração de planos de contingência e a emissão de alertas nas comunidades em risco.

A figura a seguir ilustra as especificidades das diversas cartas geológico-geotécnicas apresentadas neste tópico e seu potencial de usos para fins do planejamento urbano e territorial.

 

Fonte: Diversidade de Cartas Geológico-Geotécnicas. JICA - Projeto GIDES, 2017.

Somente com o conhecimento dos riscos e, sobretudo, com a sua efetiva espacialização no território municipal, ou seja, a determinação da localização destas áreas, é possível adotar as medidas necessárias de gestão e redução de riscos e evitar a exposição da população à ocorrência de desastres.

 

 4.3 Vistorias preventivas e relatórios técnicos

 

Outra ferramenta que possibilita a identificação e gestão dos riscos são as vistorias e os relatórios técnicos, contribuindo para a prevenção e mitigação de desastres. 

O termo “vistoria” consiste na constatação técnica, investigação, identificação e análise qualitativa e quantitativa de situações de risco, sem indagações dos motivos da causa, desde sua origem, mecanismos de ocorrências, manifestações e consequências, que possam provocar acidentes, comprometendo a funcionalidade e normalidade de um sistema, através de eventos danosos.

As vistorias podem ser realizadas pelo Agente de Defesa Civil, visto uma condição de risco iminente ou em caráter preventivo, por solicitação de uma instituição ou conforme demanda municipal.

A Defesa Civil realiza vistorias técnicas e emite relatórios técnicos a partir do que foi visualizado no momento da vistoria, pautando sua atuação na Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC e na Codificação Brasileira de Desastres -  COBRADE.

Fonte: Curso Online de Avaliação de Risco em Estruturas de Juiz de Fora/MG, 2024.

Dependendo da natureza e do grau de risco e urgência das correções necessárias, o Agente poderá solicitar apoio de um profissional técnico habilitado para a realização de uma vistoria especializada e emissão de documentos técnicos legais.

A vistoria técnica preventiva consiste numa avaliação preliminar e antecedente a uma situação que poderá se agravar ao longo do tempo. Esta deverá contemplar um diagnóstico geral da situação a ser vistoriada, apresentando o grau de urgência das correções das anomalias identificadas, os pontos sujeitos a recuperação e as possíveis

medidas corretivas. 

Durante a realização das vistorias técnicas é necessário e fundamental o preenchimento de formulários de vistoria padronizados pela Defesa Civil, que auxiliam posteriormente o profissional na elaboração do relatório de vistoria.

O relatório de vistoria é um documento elaborado pelo Agente de Defesa Civil após uma inspeção em um local para avaliar condições de segurança, identificar riscos, danos estruturais e demais processos, e propor medidas preventivas e/ou corretivas, fornecendo recomendações para garantir a proteção de pessoas e a devida utilização de espaços públicos e privados.

Os Relatórios de vistoria são essenciais para a tomada de decisão por parte das autoridades locais e auxiliam na elaboração de políticas públicas de prevenção de desastres, no planejamento de ações de mitigação de riscos e na comunicação eficaz com a população sobre as medidas de segurança a serem adotadas.

Última atualização: Tuesday, 26 Aug 2025, 03:58