4 Critérios de avaliação

A partir de um novo olhar sobre a avaliação somativa, é possível imprimir outra configuração a sua função, tanto na modalidade presencial quanto na a distância. Uma pesquisa realizada por Raymundo (2013) analisou atividades avaliativas dissertativas e objetivas retiradas de provas de cursos ofertados na modalidade a distância e presencial. O critério que a autora utilizou para selecionar essas provas foram os parâmetros e procedimentos pedagógicos anunciados na obra “Prova Operatória”, de autoria de Ronca e Terzi (1991), na qual os autores apresentam alguns procedimentos pedagógicos que podem contribuir para colocarmos em prática uma nova perspectiva de vivenciarmos o processo de avaliação somativa de forma (re)significada. Desta forma, os autores apresentam que a aula e, consequentemente, a prova e/ou atividades avaliativas devem apresentar as seguintes características:

  • Contextualização do conteúdo: elaborar um contexto não é apenas inventar uma história ou um bom texto ligado ao assunto tratado. É necessário que o acadêmico busque no texto dados e, a partir deles, responda à questão (RONCA; TERZI, 1991).

O contexto poder ser elaborado por meio de citações retiradas de leituras complementares ou mesmo do material didático; procedimentos e/ou conceitos estudados nas aulas; esquemas; tabelas; gráficos; histórias em quadrinhos; charges; manchetes de jornais; entrevista e reportagem de periódicos de circulação semanal (jornais e revistas); poesias e músicas; estudo de casos; situações-problemas, entre outros.

O olhar lançado sobre esse pressuposto pedagógico não é tarefa fácil e requer do professor comprometimento e tempo, afinal avaliações contextualizadas referem-se a problemas complexos e situações reais que exijam que os alunos utilizem o conhecimento adquirido para resolvê-las.

  • Enunciado e habilidades operatórias: constituem outra característica que a prova deve apresentar. Após produzir o contexto da questão, o professor deve produzir o enunciado seguido da habilidade operatória, isto é, citando qual recurso cognitivo que deve ser utilizado pelo aluno para responder a questão. Exemplos de habilidades operatórias: manejar, confeccionar, utilizar, construir, recolher, aplicar, representar, observar, experimentar, provar, elaborar, demonstrar, produzir, reproduzir, interpretar, identificar, resolver, entre outras. Essas habilidades devem ser definidas a partir do conteúdo trabalhado em aula.

O enunciado, juntamente com a habilidade operatória, apresenta um desafio e deve estar, portanto, intrinsecamente ligado ao contexto. Dessa forma, o enunciado caracteriza-se por sua clareza e objetividade ao apresentar um desafio para o aluno.

  • Utilização de parametrização para correção: a parametrização é a indicação clara e precisa dos critérios de correção, bem como do valor correspondente para cada questão da prova. O valor de cada questão da prova deve estar relacionado à complexidade do conteúdo abordado, bem como ao nível de complexidade da habilidade operatória solicitada na questão.

  • Exploração da capacidade de leitura e de escrita do acadêmico: no momento da avaliação – momento privilegiado de estudo – não são proporcionados momentos de leitura e de escrita. As perguntas são diretas e as respostas certamente serão na mesma linha. O contexto deve favorecer a leitura e as perguntas devem provocar argumentações, descrições etc. A prova operatória apresenta como característica a colocação de textos que conduzam à leitura, mesmo curta, para provocar uma resposta, também de forma escrita e com argumentação, que leve o acadêmico a escrever, exercitando-se na lógica e na correção do texto (RONCA; TERZI, 1991).

Além desses pressupostos pedagógicos apresentados, é muito importante que, independentemente do modelo adotado, ocorra previamente o anúncio dos critérios de correção da avaliação, desmitificando assim o poder da avaliação, tornando-a inerente ao processo de ensino e aprendizagem.